01/10/2020 12h42
CNC: endividamento das famílias cai em setembro após três altas consecutivas
O número de brasileiros endividados diminuiu este mês, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De agosto para setembro, após três altas consecutivas, caiu em 0,3 ponto porcentual o indicador relativo ao número de brasileiros com dÃvidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa.
O Ãndice, que havia alcançado o maior porcentual da série histórica em agosto, chegou a 67,2% neste mês. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). No comparativo anual, contudo, o indicador registrou aumento de 2,1 pontos porcentuais.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a primeira queda no endividamento das famÃlias desde maio reflete uma melhora na economia. "Indicadores recentes têm mostrado que a recuperação gradual da economia para os próximos dois trimestres está mais robusta do que as estimativas indicavam", afirmou Tadros, em comunicado da confederação.
Ele alertou que, embora tenha havido queda na margem, a proporção de consumidores endividados no Brasil ainda é elevada. "Para apoiar a retomada, é importante seguir ampliando o acesso ao crédito com custos mais baixos, mas, principalmente, possibilitar o alongamento de prazos de pagamento das dÃvidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro", disse.
A Peic revelou ainda uma mudança nas trajetórias do endividamento. Entre as famÃlias que recebem até dez salários mÃnimos, o porcentual caiu pela primeira vez desde maio, chegando a 69% do total - após ter alcançado o recorde de 69,5%, em agosto. Entre as famÃlias com renda acima de dez salários, esta mesma proporção teve o primeiro aumento desde abril, subindo a 59%.
Economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira afirma que a redução do endividamento entre as famÃlias de menor renda mostra que os benefÃcios emergenciais têm contribuÃdo para elevar o consumo de bens e o pagamento de despesas. "Por outro lado, as famÃlias com renda mais alta, que estavam ampliando as suas poupanças, aparentemente iniciaram uma retomada do consumo via crédito", explica Izis.
O total de famÃlias com dÃvidas ou contas em atraso também apresentou a primeira redução mensal desde maio, caindo de 26,7%, em agosto, para 26,5%, em setembro. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a proporção cresceu 2 pontos percentuais. A parcela das famÃlias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dÃvidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes se manteve praticamente estável. No mesmo perÃodo de 2019, o indicador havia alcançado 9,6%.
A parcela média da renda comprometida com dÃvidas entre as famÃlias endividadas caiu para 29,9% da renda mensal. É o terceiro mês de queda apresentado pelo indicador desde janeiro de 2020, o que favorece a capacidade de pagamento.
Com relação aos tipos de dÃvida, o cartão de crédito segue sendo, em setembro, a principal modalidade de endividamento para 79% das famÃlias. Na sequência, aparecem os carnês (16,7%) e o financiamento de veÃculos (10,3%). Izis chama atenção para o fato de o cartão de crédito, que havia perdido espaço no endividamento de janeiro a junho deste ano, vir ampliando sua participação desde julho.
Fonte: Estadão Conteúdo