14/09/2020 14h20
Inflação dos mais pobres sobe com alimentos e a dos mais ricos cai, diz Ipea
A inflação dos alimentos e a deflação dos serviços, em meio à recessão provocada pela pandemia de covid-19, levaram o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de agosto a ratificar uma pressão inflacionária maior para as famÃlias mais pobres. Em agosto, enquanto a taxa de inflação das famÃlias mais pobres apontou alta de 0,38%, a faixa de renda mais alta registrou uma deflação de 0,10%, informou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira, 14.
No ano, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda para as famÃlias muito pobres acumula alta de 1,5%. Para os mais ricos, há retração de 0,07% no Ãndice.
As diferenças nas composições das cestas de consumo, entre as famÃlias muito pobres e as famÃlias mais ricas, explica a diferença. Especialmente quando se leva em conta as quantidades, além do preço, os muito pobres gastam, relativamente, mais com alimentos e menos com serviços. Já os mais ricos gastam mais, também relativamente, com serviços.
"Evidencia-se uma pressão altista vinda dos alimentos no domicÃlio - que formam o grupo de maior peso na cesta de consumo das famÃlias mais pobres - e uma queda nos preços dos serviços, cujo alÃvio é bem mais intenso sobre o orçamento das famÃlias mais ricas", diz um trecho do relatório do Ipea.
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda decompõe o IPCA por faixas de renda. A faixa mais pobre tem renda domiciliar abaixo de R$ 1.650,50 mensais por famÃlia. A faixa mais rica tem renda domiciliar acima de R$ 16.5009,66 mensais por famÃlia.
Segundo o Ipea, enquanto a inflação dos alimentos voltou a se acelerar em agosto, os descontos dados por creches e escolas particulares por causa da pandemia contribuÃram para derrubar ainda mais o Ãndice de serviços. O preço das mensalidades escolares é exemplo tÃpico de item que afeta mais os orçamentos dos mais ricos, já que as famÃlias mais pobres, tipicamente, não gastam com mensalidades, pois recorrem ao ensino público.
"A retração no valor das mensalidades das creches (-7,7%) e das escolas de ensino fundamental (- 4,1%) e médio (- 2,9%) gerou um alÃvio maior sobre o orçamento da população de renda mais alta, pois é esse segmento que, majoritariamente, utiliza os serviços privados de educação", diz o relatório do Ipea.
Fonte: Estadão Conteúdo