11/06/2015 00h15
Anel invisível de Saturno é 500 vezes maior que o planeta
Além de seus conhecidos anéis visÃveis, Saturno possui também um imenso anel externo - descoberto em 2009 e batizado de Phoebe -, que não pode ser visualizado com telescópios convencionais. Agora, utilizando novas imagens de um telescópio infravermelho, um grupo de cientistas analisou a estrutura e a composição do novo anel. Segundo o estudo, publicado nesta quarta-feira, 10, na revista Nature, o anel Phoebe é ainda maior do que se imaginava e, diversamente dos outros anéis, é composto por partÃculas de poeira muito pequenas.
Segundo os autores do estudo, liderado por Douglas Hamilton, da Universidade de Maryland (Estados Unidos), o anel Phoebe ocupa uma região do espaço mais de 500 vezes maior que o tamanho de Saturno - e cerca de 10 vezes maior que o anel E, que até 2009 era o maior anel conhecido do planeta gigante. Os pesquisadores acreditam que o anel foi formado por partÃculas ejetadas de Phoebe, uma lua distante.
A primeira pista de que Saturno poderia ter um anel invisÃvel apareceu em 1671, quando o astrônomo italiano Giovanni Domenico Cassini observou o planeta com um telescópio e descobriu a lua que hoje é conhecida como Iapetus. Segundo Hamilton, essa lua tem uma caracterÃstica estranha: ela tem um lado branco e outro preto, algo que não é observado em outros satélites do Sistema Solar.
Desde então, os cientistas suspeitavam que Iapetus se move no interior de um anel de um material escuro que não pode ser visto da Terra - e esse material se acumularia somente no lado do satélite que está voltado para a direção de sua órbita. Mas enxergar um anel de poeira preta na escuridão do espaço era uma tarefa fora do alcance da ciência até poucos anos atrás.
A partir de imagens de um telescópio infravermelho, a equipe coordenada por Hamilton finalmente anunciou a descoberta do anel Phoebe em 2009. Agora, a partir de novas imagens feitas pelo telescópio espacial infravermelho Wise, da Nasa, os pesquisadores conseguiram estudar mais detalhadamente sua estrutura. Segundo Hamilton, o novo anel é 30% maior do que se imaginava.
De acordo com os autores do estudo, o anel não pode ser visto porque, apesar de ser gigantesco, suas partÃculas são muito pequenas e esparsas. Eles calculam que em uma área com as dimensões de uma montanha, não devem existir mais que 20 partÃculas de poeira. Além de ser invisÃvel, o anel Phoebe é inclinado em relação aos outros e provavelmente gira no sentido contrário do planeta.
Os pesquisadores consideraram as caracterÃsticas do anel gigante "intrigantes", segundo o estudo. Nos anéis visÃveis, em geral, as menores partÃculas têm o tamanho de uma uva e as maiores têm as dimensões de uma casa. No anel Phoebe, segundo o novo estudo, a maior parte das partÃculas têm o tamanho de grãos de poeira e uma fração Ãnfima pode ter no máximo as dimensões de uma bola de futebol. "PartÃculas com raios maiores que dez centÃmetros correspondem no máximo a 10% da composição do anel", diz o estudo.
As caracterÃsticas incomuns do novo anel, segundo os pesquisadores, podem significar que existem processos de formação de partÃculas que não haviam sido imaginados até agora.
Fonte: Estadão Conteúdo