21/04/2022 16h30
Bloco na Zona Oeste de SP traz clima de 'vida normal, mas com estrutura reduzida
Sob o sol ameno desta quinta-feira de Tiradentes, o Saia de Chita partiu à s 8h da Praça Rio dos Campos, na Pompeia, Zona Oeste de São Paulo, para rodar pelas ruas do entorno. Cerca de 500 foliões já se juntavam ao trajeto por volta do meio-dia, entre moradores do bairro, casais e famÃlias com crianças.
"Para o nÃvel de carnaval que estou acostumada em São Paulo, estou achando light. Mas uma hora vai pegar no tranco", comenta a estilista Carolina Gold, de 45 anos.
Apesar da falta de apoio oficial da Prefeitura, o evento contava com pelo menos quatro banheiros quÃmicos. Ainda assim, eles não eram suficientes para atender a demanda dos foliões, alguns preferindo usar as árvores e os becos do entorno.
"A quantidade de banheiros poderia ser maior, mas prefiro blocos assim menores e menos cheios", conta a figurinista Kika Novaes, de 38 anos, que chegou vestindo um sutiã de máscaras faciais feito por ela mesma.
Com a trégua do frio, muitas famÃlias aproveitaram para curtir o dia de sol levando as crianças para a praça. Ao fundo, a banda do Saia de Chita tocava sucessos de nomes da nova MPB, como Duda Beat, Marina Sena, Luedji Luna e Johnny Hooker.
"É o primeiro carnaval dela, e estou achando ótimo porque a pandemia trouxe muita solidão, né? Aqui ela tá convivendo com uma diversidade de pessoas que não veria em casa", conta a vendedora Amanda Cruz, de 31 anos, que trouxe a filha Tereza, de 6, para seu primeiro carnaval.
A falta de apoio do poder municipal podia ser sentida, além da falta de banheiros quÃmicos, na confusão do trânsito na região, mas nada que chegasse a atrapalhar o fluxo de carros, já que as vias estavam liberadas. No chão, os catadores juntavam as latas espalhadas, deixando pra trás algumas garrafas de plástico e pedaços de papel.
Moradoras do bairro há mais de sete décadas, Noeli Cassino, de 70 anos, e Rosely Orsi, de 72, acham que esse é o principal problema da folia informal. "Deveria ter mais estrutura. Mas como moradoras, é uma alegria ter esse divertimento. Mesmo que a gente fique mais afastada por causa do vÃrus", conta Rosely.
De acordo com os organizadores do bloco foram distribuÃdos panfletos pela vizinhança na sexta-feira avisando que o bloco sairia neste sábado.
O programador Rafael Moreira, de 34 anos, fez uma pausa no plantão de feriado para acompanhar a namorada no bloco. "Não tenho do que reclamar. Pra mim, tá tão bom quanto um pré carnaval."
Fonte: Estadão Conteúdo