23/05/2022 15h40
Brasileiro que identificou Ômicron entra na lista dos 100 mais influentes da Time
O cientista brasileiro Tulio de Oliveira foi indicado como uma das pessoas mais influentes do mundo em 2022 pela revista norte-americana Time por sequenciar a variante Ômicron do coronavÃrus na Ãfrica do Sul. Ele é diretor do Centro para Resposta a Epidemias e Inovação da Ãfrica do Sul (Ceri) e também identificou a variante a Beta, outra versão do Sars-CoV-2 achada no paÃs africano.
Oliveira foi indicado ao lado do virologista do Zimbabwe Sikhulile Moyo, diretor do laboratório de Referência de HIV de Botswana-Harvard, também responsável pela identificação da variante Ômicron.
"Cada geração tem pessoas que inspiram as gerações seguintes. Sikhulile e Tulio têm esse potencial para pessoas que trabalharão em saúde pública e genômica. Não vimos o fim de suas contribuições", diz o texto da revista sobre os cientistas.
O pesquisador brasileiro iniciou a graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e está na Ãfrica do Sul desde 1997. Ele trabalha com vigilância genômica há quase 20 anos, tem centenas de publicações em revistas de renome como as revistas Nature, Science, Lancet e NEJM. Além da pesquisador, atuou por dez anos no The Wellcome Trust, um centro de caridade global independente dedicado a melhorar a saúde.
A equipe de Oliveira também esteve por trás do sequenciamento de outros vÃrus conhecidos dos brasileiros, como o zika, que levou a OMS a decretar emergência internacional em 2016, febre amarela, dengue e chikungunya.
Sônia Guajajara também está na lista
A ativista indÃgena Sônia Guajajara também representa o Brasil na lista das 100 pessoas mais influentes da Time. Assim como Oliveira, Sônia foi selecionada na categoria de 'Pioneiros'. Ela foi a primeira mulher indÃgena a concorrer a uma chapa presidencial no Brasil e atua como coordenadora executiva da Articulação dos Povos IndÃgenas do Brasil, na linha de frente da luta em defesa das terras indÃgenas brasileiras e pela preservação da floresta amazônica.
Sônia participou da COP26, criando um fundo de US$ 1,7 bilhão para povos indÃgenas e comunidades locais, e liderou protestos indÃgenas contra o projeto de lei 490/2007, que altera o Estatuto do Ãndio, permitindo demarcação de terras destinadas à s populações originárias e atividade extrativa dentro das reservas indÃgenas.
"Os pais de Sônia Guajajara não sabiam ler e ela teve que sair de casa aos 10 anos para trabalhar. Apesar disso, ela desafiou as estatÃsticas e conseguiu se formar na universidade. Desde tenra idade, ela lutou contra forças que tentam exterminar as raÃzes de sua comunidade há mais de 500 anos. Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indÃgenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista", diz o texto da Time, assinado por Guilherme Boulos, que foi candidato à Presidência em 2018 ao lado de Sônia, candidata a vice de sua chapa.
"Hoje, Sônia é uma inspiração, não só para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um paÃs que salda suas dÃvidas com o passado e finalmente acolhe o futuro", completa.
Fonte: Estadão Conteúdo