13/01/2016 20h48
Cirurgião plástico diz que modelo morreu por uso de anabolizante para animais
A modelo Raquel Santos, de 28 anos, que morreu após fazer cirurgia estética na noite da última segunda-feira, dia 11, em Niterói, cidade na região metropolitana do Rio, foi acusada pelo cirurgião plástico que a operou, Wagner Moraes, de usar anabolizante destinado exclusivamente a animais. Raquel teve parada cardÃaca depois de se submeter ao preenchimento facial conhecido como "bigode chinês".
A paciente passou mal assim que deixou a clÃnica de Cirurgia Plástica Wagner Moraes, em São Francisco, bairro na zona sul niteroiense. Raquel foi encaminhada para o Hospital de ClÃnicas de IcaraÃ, com falta de ar e arritmia. Morreu pouco depois.
"Depois que a Raquel fez o procedimento, o marido veio me dizer que ela injetava diariamente, sozinha, na coxa, uma substância chamada Potenay, além de ser uma fumante inveterada. Fumava três maços de cigarro por dia, tinha um pigarro constante. Ela tinha uma bomba no corpo, que ia estourar, ontem ou anteontem. O procedimento que eu fiz nela é muito simples. Mas ela deve ter tido uma superdosagem de Potenay no dia e o seu coração não aguentou", disse o médico à emissora Globonews.
O Potenay Injetável é um complexo vitamÃnico que estimula a nutrição, associado a uma substância de ação hipertensiva que visa a rápida recuperação dos animais. Segundo a bula, o anabolizante eleva a pressão sanguÃnea, melhorando a circulação e a respiração. Costuma ser usado por pessoas que querem ganhar massa muscular.
Moraes afirmou que, no dia da operação, Raquel estava "estressada" e "agitada". "Sua mãe disse que ela sairia da clÃnica e iria direto para um psiquiatra", acrescentou.
Na tarde de terça-feira, o velório da modelo, realizado em São Gonçalo (municÃpio vizinho a Niterói), foi interrompido por agentes da PolÃcia Civil. Os investigadores conseguiram autorização da Justiça para fazer necropsia no corpo. Ontem, o cadáver foi liberado para novo velório.
O delegado Mário Lamblet, da 79ª Delegacia de PolÃcia (DP), que investiga o caso, afirmou que nesta quinta-feira, 14, interrogará o médico e integrantes das equipes de plantão da clÃnica particular. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu sindicância para apurar as circunstâncias da morte da paciente.
"O médico citado não tem tÃtulo de especialista registrado no Cremerj", informou o conselho, por meio de nota. De acordo com o conselho, segundo consta nos artigos II e V do capÃtulo 1 do Código de Ética Médica, "os médicos devem ter o bom senso de realizar apenas os procedimentos dos quais tenham conhecimento e capacidade profissional, ou seja, um médico pode realizar qualquer procedimento desde que assuma a responsabilidade e se considere apto para tal."
Fonte: Estadão Conteúdo