12/11/2016 09h20
Comandante da PM recebeu dinheiro de mandante de crimes em Goiás
Levado coercitivamente para depor na segunda fase da operação Sexto Mandamento, o tenente-coronel Ricardo Rocha, da PolÃcia Militar de Goiás, teria recebido ajuda financeira de um mandante do assassinato de dois jovens no municÃpio de Alvorada do Norte (GO) por meio de doações eleitorais. Rocha foi candidato a deputado estadual na eleição de 2010 e preso na primeira fase da operação, realizada em 2011. O oficial é suspeito de ser um dos lÃderes de um grupo de extermÃnio responsável por mais de 40 mortes no Estado. Ele foi indiciado pela PF por homicÃdio e ocultação de cadáver.
Rocha assumiu o Comando de Policiamento da Capital (CPC), em Goiânia, em fevereiro deste ano. Um mês depois, o Ministério Público do Estado de Goiás e o Ministério Público Federal em Goiás tentaram destitui-lo do cargo, mas o vice-governador e secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, José Eliton (PSDB), negou a saÃda do PM e afirmou ter "integral confiança" no tenente-coronel para exercer a função.
"O certo é que havia um interesse da polÃcia em atender o anseio dos fazendeiros da região, o que se justificou durante as investigações, notadamente quando o Major Ricardo Rocha Batista foi candidato a deputado estadual, situação em que recebeu apoio financeiro dos fazendeiros para a sua campanha, em especial de Ari Ornelas", expõe o ofÃcio 0536/2011 anexado ao inquérito 290/2010 e dirigido ao juiz da vara criminal de Alvorada do Norte, onde os dois jovens desapareceram.
Buscas
Na decisão da Justiça Federal de Formosa (GO), o juiz Eduardo Luiz Rocha Cubas autorizou busca e apreensão e condução coercitiva contra o fazendeiro Ari Múcio Ornelas. O MPF havia solicitado sua prisão temporária, mas foi indeferida.
Segundo o delegado Milton Rodrigues Neves, da Unidade de Repressão a Crimes Contra a Pessoa, responsável pela investigação, Ricardo Rocha, à época, tinha relação muito próxima com policiais que foram presos e estava no local dos fatos no dia do desaparecimentos dos jovens. "Existe uma série de provas que indica a participação dele na morte dos dois jovens", afirmou o delegado.
O secretário de Segurança de Goiás José Eliton voltou a defender o tenente-coronel em coletiva ontem. Ele criticou a atuação da PolÃcia Federal e afirmou que investigado não significa culpado nem condenado. Sobre o tenente-coronel, ele afirmou que exerce de maneira altiva as suas atribuições em todos os comandos que passou. "Não há qualquer grupo de extermÃnio em Goiás", disse.
Realizada pela PF do Distrito Federal, a segunda fase da Sexto Mandamento cumpriu 3 mandados de prisão temporária, 19 mandados de busca e apreensão e 17 conduções coercitivas contra investigados por suspeita de integrarem o grupo de extermÃnio O nome é uma alusão ao mandamento bÃblico "Não Matarás."
Fonte: Estadão Conteúdo