31/03/2022 20h30
Conitec recomenda ao SUS remédio eficaz contra casos graves de covid
O Comitê Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Ministério da Saúde recomendou, na última quarta-feira, 30, a incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do primeiro remédio de eficácia comprovada para o tratamento de casos graves de covid-19. Estudos realizados em vários paÃses, entre eles o Brasil, mostraram que o baricitinibe reduz em 38% a mortalidade de pacientes hospitalizados. O ministério deve decidir até a próxima semana se distribuirá o remédio gratuitamente em sua rede.
O Olumiant, nome comercial do medicamento, é produzido pela Eli Lilly. Já é usado em mais de 70 paÃses, entre eles o Brasil. É aplicado no tratamento de artrite reumatoide e dermatite atópica. Em setembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou seu uso no tratamento de pacientes adultos de covid-19. São casos de internados que precisam de oxigênio por máscara, cateter nasal, alto fluxo ou ventilação não invasiva. Outros quinze paÃses já fazem esse uso do remédio. Trata-se de um imunomodulador. Atua no sistema imunológico reforçando as defesas e bloqueando vias inflamatórias.
"O Olumiant é um medicamento já disponÃvel no SUS para a indicação de artrite reumatóide, portanto já temos entregas acontecendo para o governo", lembrou o diretor de assuntos corporativos e regulatórios da Lilly, Orlando Silva. "O governo já tem estoque disponÃvel para atender imediatamente os pacientes em ambas as indicações."
A eficácia da droga no tratamento da covid foi testada em dois estudos clÃnicos internacionais. Esses trabalhos envolveram mais de 2.500 pacientes em vários paÃses, inclusive no Brasil. No PaÃs, foram testados 366 pacientes em dezoito centros clÃnicos em cinco estados. A dose recomendada é um comprimido de 4mg ao dia, por 14 dias. O custo é de cerca de R$ 3 mil pelo tratamento completo. Segundo o fabricante, em todo o mundo, cerca de 740 mil pessoas já foram tratadas com o remédio.
"Na covid, o aumento da gravidade da doença pode estar associado a um estado hiperinflamatório", explicou a gerente médica da farmacêutica, Camila Tostes. "Estudos realizados mostraram que, através da inibição das proteÃnas JAK1 e JAK2, o remédio reduziu a "tempestade de citocinas" associada à s complicações desta infecção. Além disso, o medicamento tem um papel na inibição das proteÃnas das células hospedeiras que auxiliam na reprodução viral, reduzindo a capacidade das células infectadas de produzir mais vÃrus."
Segundo relatório técnico da Conitec, os pontos favoráveis à incorporação foram os desfechos positivos nos estudos. Os trabalhos mostraram redução da mortalidade em pacientes hospitalizados. Houve ainda avaliações econômicas e análises de impacto orçamentário. Elas sugeriram que o medicamento é sustentável para o SUS. E mostraram que não há outras opções de tratamento disponÃveis.
"É um remédio muito bom para casos graves de covid, a um custo plausÃvel", afirmou a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz. "É um excelente imunomodulador."
Na última quarta-feira, 30, a Anvisa aprovou também o uso emergencial do Paxlovid. É uma droga indicada para o tratamento de casos mais leves de covid-19. O remédio, fabricado pela Pfizer, reduz em 89% o risco de internação e morte por covid. Já é usado nos Estados Unidos e em alguns paÃses da Europa.
Fonte: Estadão Conteúdo