31/10/2015 09h57
Cresce diferença de desempenho entre ricos e pobres até nas escolas públicas
A diferença de desempenho escolar entre as escolas públicas mais pobres e mais ricas no Brasil aumentou desde 2005. É o que mostra a comparação no rendimento dos estudantes de nÃvel socioeconômico (NSE) mais baixo e mais alto na Prova Brasil, avaliação oficial do governo federal que mede desempenho em LÃngua Portuguesa e Matemática a cada dois anos.
O NSE é calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnÃsio Teixeira (Inep), com base em dados de escolaridade, ocupação e renda fornecidos para a avaliação. Em 2005, a diferença de desempenho na prova entre os 20% com nÃvel socioeconômico (NSE) mais baixo e os 20% de nÃvel mais alto para o 5.º ano em LÃngua Portuguesa foi de 20,34 pontos. Em 2013, dobrou: 42,7 pontos, um salto de 110%. O mesmo problema é observado em Matemática: a diferença avançou de 20,03 pontos para 47,97, um acréscimo de 139%. A prova de 2015 ainda não foi feita.
A desigualdade também cresceu no 9.º ano, mas em menor proporção. Em 2005, a diferença entre a média das escolas de nÃvel socioeconômico mais baixo e mais alto para Português foi de 24,39 pontos. Em 2013, subiu para 27,77, um salto de 14%. Já em Matemática, a diferença cresceu 16%.
Apesar disso, tanto o nÃvel mais baixo quanto o mais alto tiveram notas aquém do esperado. O movimento Todos pela Educação considera que, nos anos iniciais, os estudantes deveriam ter obtido, no mÃnimo, 200 pontos em LÃngua Portuguesa e 225 em Matemática - as notas ficaram em 182,72 e 205,10 pontos, respectivamente. Nos finais, as notas mÃnimas deveriam ter sido 275 pontos em Português e 300 em Matemática, mas alcançaram 237,78 e 242,35, respectivamente.
A redução desta diferença precisará estar no topo das prioridades do Ministério da Educação, de Estados e municÃpios nos próximos anos. É o que prevê o novo Plano Nacional de Educação (PNE). Faltam, no entanto, estratégias concretas para isso. Desde que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, assumiu a pasta, em setembro, o MEC tem afirmado que vai alterar os programas que atendem unidades mais carentes.
Os dados da Prova Brasil ainda mostram que o aumento na diferença das notas ocorre principalmente pela dificuldade de as escolas com alunos mais pobres progredirem. No 5.º ano, a nota de Português da faixa de NSE mais baixo praticamente não variou de 2005 a 2013 - foi de 168 para 168,99 (1%). Já os alunos de NSE mais alto variaram 12% - de 188,34 para 211,69. Em Matemática para o mesmo ano, o NSE mais baixo melhorou a nota em 4% e o mais alto, em 18%.
A situação é mais complicada em Matemática no 9.º ano, em que os alunos mais pobres tiveram uma piora no desempenho: no mesmo perÃodo, as notas caÃram 2% e foram de 231,6, em 2005, para 227,35 em 2013.
Ideb. A mesma lógica é observada em outro levantamento apresentado pelo Inep em setembro. Na ocasião, houve comparativo do Ãndice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade educacional, entre escolas com NSE baixo e alto, sob as mesmas condições de gestão (número de alunos e ciclos). A diferença é de 62,2%: 3,3 para o NSE baixo e 5,3 para o alto.
Para a pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ação Comunitária (Cenpec) Vanda Mendes Ribeiro, as ações do MEC, mesmo quando buscaram a melhoria na educação, não focaram nos nÃveis socioeconômicos. De acordo com ela, uma das formas de combater a desigualdade é ter alunos de diferentes origens na mesma sala. "As crianças têm de caminhar juntas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo