29/09/2015 07h45
Descoberta de água é estímulo para 'visita' a Marte, diz expert da USP
A descoberta de água lÃquida na superfÃcie de Marte foi considerada um avanço notável por cientistas brasileiros e estÃmulo a uma "visita" - ou seja, a uma missão tripulada.
De acordo com João Steiner, professor do Instituto de Astronomia, GeofÃsica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), além da relevância de uma confirmação robusta da presença de água lÃquida em um planeta do Sistema Solar, a descoberta tem um apelo especial. "Certamente é uma descoberta importante. Do ponto de vista cientÃfico, é algo notável, já que a água é condição para a existência de vida - e se torna ainda mais especial por se tratar de Marte", disse.
Segundo ele, já foi comprovada a existência de água em estado sólido e lÃquido em diversos objetos do Sistema Solar, como a Lua, Ceres, Europa e Encédalo - respectivamente luas de Júpiter e Saturno. "Mas Marte é um objeto de fascÃnio para a humanidade, porque é um planeta do nosso sistema que mais oferece condições, em tese, para a existência de vida."
Missão
De acordo com Steiner, o interesse pela possibilidade de vida fez Marte virar objeto de diversas pesquisas e missões não tripuladas. "Existe mesmo a intenção de fazer uma missão tripulada nas próximas décadas. Considerando essa possibilidade, a existência de água por lá é fundamental."
Pierre Kaufmann, coordenador do Centro de Rádio Astronomia e AstrofÃsica Mackenzie, afirma que a descoberta poderá dar novo estÃmulo ao projeto da Nasa de levar uma missão tripulada a Marte.
"O projeto para o envio de tripulantes a Marte está relativamente estagnado, mas, com essa descoberta, os esforços para uma missão humana poderão ficar mais concentrados. Até agora, só havia especulações vagas sobre as possibilidades de vida no planeta, mas essa perspectiva se torna muito mais sólida com essa evidência robusta de existência de água em estado lÃquido em Marte", disse.
Segundo Kaufmann, a nova descoberta só foi possÃvel graças a enormes esforços que envolveram medições diretas feitas por satélites de sensoriamento em órbita ao redor de Marte, enviados por diversos paÃses, além de sondas que analisam amostras do planeta. "Futuras pesquisas serão seguramente feitas com base em experimentos espaciais, com outros sensores e outros experimentos que levem equipamentos para sondar o planeta direta e indiretamente, incluindo o eventual envio de astronautas."
O problema das missões tripuladas, segundo Kaufmann, é que elas impõem obstáculos ainda intransponÃveis do ponto de vista financeiro e de sobrevivência dos astronautas. "A viagem é muito longa e um súbito aumento da atividade solar durante esse perÃodo poderia submeter os astronautas a radiações extremamente intensas e mortais. A nave precisaria ser excepcionalmente blindada e, por isso, muito pesada, o que aumentaria as exigências em relação a lançadores."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo