19/09/2015 09h06
Dono de submarino do tráfico é preso em condominío de luxo no Guarujá
Procurado pela Interpol por ser um dos maiores traficantes de drogas do mundo, capaz de financiar a construção de um submarino para transportar cocaÃna e apontado como um dos poucos traficantes que negociaram diretamente com o colombiano Pablo Escobar na década de 1980, Mário Sérgio Machado Nunes, o Goiano, de 59 anos, foi preso na tarde de ontem, 18, em um condomÃnio de luxo, no Guarujá, litoral paulista.
Segundo as investigações do Departamento de Narcóticos (Denarc), Goiano estava no Brasil desde o ano passado. Ele fugiu de uma prisão, em Cabo Verde, na Ãfrica, em 2013, quando passou a fazer parte da lista de procurados da Interpol.
O delegado Alberto Matheus disse que o traficante atuava como avalista da cocaÃna que era enviada para paÃses africanos, principalmente Ãfrica do Sul. Segundo ele, Goiano garantia o embarque da droga em contêineres. "Ele não colocava a mão na droga, mas comandava toda a parte administrativa do tráfico. Se o comprador não tivesse o dinheiro suficiente, ele pagava e recebia depois", disse.
Os investigadores chegaram até Goiano durante uma apuração de venda de drogas no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo. Com ele, foram apreendidos documentos de identidade falsos, munições e celulares. Segundo o Denarc, o traficante fez diversas cirurgias plásticas para montar disfarces para enganar a polÃcia.
Goiano é investigado pela PolÃcia Federal há cinco anos. Ele é apontado como lÃder de uma quadrilha internacional que atua na distribuição de cocaÃna em 27 paÃses, como Holanda, Estados Unidos, China, Uruguai, Bélgica, Espanha, França, Ãfrica do Sul, Itália, Coreia do Sul, entre outros.
O acusado seria credor do chefe da quadrilha Los Urabeños, o mexicano Henry de Jesús Lopez Londoño, conhecido como Ninja, e considerado o maior fornecedor de cocaÃna do cartel Los Zetas, que atua no México e é ligado a grupos colombianos. Ele foi preso em outubro de 2012, em Buenos Aires, na Argentina.
A PF diz que o bando tinha tentáculos em todos os continentes. Goiano, ainda segundo as investigações, financiou a construção de um submarino, na Ãfrica do Sul, que seria usado exclusivamente para o tráfico de drogas. O projeto não deu certo, mas ele investiu pelo menos US$ 20 milhões. Ninja contribuiu com US$ 5 milhões. A quadrilha também pretendia comprar um avião da Boeing para transportar drogas.
A polÃcia apurou que seu grupo tinha os mesmos princÃpios de uma organização empresarial. Eram utilizados diversos mecanismos contábeis, comerciais e cambiais para obter o maior lucro possÃvel e a redução constante de custos.
Em 2012, a PolÃcia Federal deflagrou a Operação Ãguas Profundas e prendeu seis acusados de integrar a quadrilha. Goiano conseguiu escapar dos agentes federais, mas acabou detido na Ãfrica, no ano seguinte.
A Justiça Federal bloqueou vários bens da quadrilha no PaÃs. Estão incluÃdos o sequestro de 46 imóveis, incluindo 1 hotel, 9 fazendas, 1 chácara, 6 casas, 26 lotes, 4 apartamentos na praia, 5 apartamentos e 1 boxe de garagem, avaliados em aproximadamente R$ 100 milhões, além de dezenas de veÃculos e dinheiro em contas bancárias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo