12/11/2016 10h24
Fósseis brasileiros mudam perspectiva sobre origem dos dinossauros
Um grupo de cientistas brasileiros descobriu, no Rio Grande do Sul, três fósseis que poderão mudar as teorias atuais sobre a origem e evolução dos dinossauros. Os pesquisadores descobriram pela primeira vez, lado a lado, dois esqueletos de dinossauros e um esqueleto de lagerpetÃdeo - um animal considerado um precursor dos dinossauros.
De acordo com os autores do estudo, publicado hoje na revista cientÃfica Current Biology, a descoberta de que dinossauros e lagerpetÃdeos chegaram a conviver indica que os grandes lagartos pré-históricos podem ter evoluÃdo de forma mais gradual do que se imaginava.
"Nós sabemos agora, com certeza, que os dinossauros e seus precursores viveram lado a lado e que a ascensão dos dinossauros foi mais gradual do que imaginávamos - e não uma rápida substituição de outros animais que viveram na época", disse um dos autores do estudo, Max Langer, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP).
O novo lagerpetÃdeo, Ixalerpeton polesinensis, e os dois dinossauros da espécie Buriolestes schultzi foram encontrados em Santa Maria, uma formação geológica localizada na região de Agudo, no centro do território gaúcho. A formação, com rochas de 230 milhões de anos, é considerada uma das mais antigas do mundo com a presença de fósseis de dinossauros.
Os pequenos dinossauros pesavam aproximadamente sete quilos, tinham cerca de 1,5 metro de comprimento, 50 centÃmetros de altura e um crânio de apenas 13 centÃmetros. De acordo com Langer, trata-se do único representante estritamente carnÃvoro do grupo dos sauropodomorfos, que inclui dinossauros gigantes do Jurássico, como o Diplodocus e o Apatosaurus. O lagerpetÃdeo, um bÃpede, é ainda menor, com cerca de 25 centÃmetros de altura.
Detalhes
Segundo Langer, a descoberta mostra que o Ixalerpeton e os Buriolestes foram contemporâneos durante os primeiros estágios da evolução dos dinossauros. Segundo ele, o novo espécime de lagerpetÃdeo tinha preservados elementos do crânio, da escápula - um osso do quadril - e de membros anteriores, além de algumas vértebras.
"Evidências de dentes também mostram que os primeiros dinossauros provavelmente se alimentavam de todo tipo de pequenos animais, mas provavelmente não comiam plantas", disse Langer.
Segundo ele, os detalhes revelados pelo estudo dos dois novos exemplares de Buriolestes já ajudaram a preencher lacunas importantes na evolução de algumas das caracterÃsticas anatômicas dos dinossauros. Mas Langer e seus colegas ainda continuarão as pesquisas, utilizando tomografia computadorizada para caracterizar e descrever a anatomia dos animais com ainda mais precisão.
Além de Langer, participaram do estudo os paleontólogos Sergio Furtado Cabreira, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Alexander Kellner, do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os fósseis foram encontrados pelos paleontólogos da Ulbra Sergio Furtado Cabreira e Lúcio Roberto da Silva.
Fonte: Estadão Conteúdo