11/02/2015 20h15
Guiné Equatorial dá R$ 5 milhões para Beija-Flor
Pouco maior do que o Sergipe e com cerca de 700 mil habitantes, a obscura Guiné Equatorial, na Ãfrica Ocidental, virou notÃcia neste carnaval pelo patrocÃnio destinado à escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, que vai homenagear o paÃs na SapucaÃ. São R$ 5 milhões, confirmados pela direção da escola; R$ 10 milhões, segundo informou o jornal O Globo nesta quarta-feira.
Maior campeã do carnaval do Rio neste século, com seis tÃtulos em 12 anos, a Beija-Flor é conhecida pelos desfiles luxuosos. Outra marca é o gosto por enredos sobre a Ãfrica. Foi o governo de Nguema Mbasogo - que assumiu o poder em 1979 depois de depor e mandar executar o tio, então presidente -, que procurou a Beija-Flor, oferecendo o apoio em troca de propaganda. "Eles querem apresentar o paÃs para o mundo, promover o turismo. Muita gente não sabe que a Guiné Equatorial está no mapa", disse a socióloga Bianca Behrends, responsável pela pesquisa do enredo.
A escolha do tema vem rendendo crÃticas à Beija-Flor. Não só pelo fato de a Guiné Equatorial ser aparentemente pouco atraente para um desfile, mas também pelas controvérsias acerca do regime de governo. Nguema Mbasogo é o ditador africano mais longevo. A ele são atribuÃdas inúmeras violações de direitos humanos, como torturas e extermÃnio de oponentes. Um dos patrocinadores da iniciativa, o filho Teodorin Nguema Obiang Mangue é um conhecido playboy internacional, investigado por lavagem de dinheiro na França. Nada disso, porém, será carnavalizado. "Nós estamos falando da Ãfrica no sentido geral. Não trato de polÃtica", explica o lÃder da comissão de carnaval, Luiz Fernando do Carmo, o LaÃla, impaciente. "No Brasil tem um monte de ladrão e nenhuma escola fala."
Fonte: Estadão Conteúdo