07/02/2022 09h10
Maior favela de São Paulo, Heliópolis, aos 50 anos, vai enfim ganhar um parque
Com 200 mil habitantes e 50 anos recém-completados, a maior favela de São Paulo, Heliópolis, enfim terá um parque. Projetado em um terreno linear na divisa com São Caetano do Sul, o equipamento já em construção pelo governo João Doria (PSDB) terá quadras, pista de skate, academia aberta e prédios destinados à cultura e qualificação profissional, como auditório, escola de circo e cinema ao ar livre. A previsão é abrir o espaço à comunidade ainda neste semestre, mesmo que incompleto.
Sonhado pelos moradores há mais de 20 anos, o Parque da Cidadania Heliópolis será tirado do papel de forma patrocinada. O desenho tem assinatura do arquiteto Roberto Loeb, um dos mais renomados do PaÃs, que doou o projeto e adaptou as demandas locais ao idealizar prédios especÃficos para cada atividade, como o centro comunitário. Com forma de um retângulo - tem 1,1 km de comprimento por 50 m a 70 m de largura -, o terreno trará 78 mil m² de lazer. Isso equivale a três áreas do Parque Augusta, no centro.
Com a janela virada para o local, a dona de casa Evanice Martins, de 48 anos, comemora a nova vista. "Por enquanto, ainda está bem cru, mas o projeto é muito bonito." Segundo conta, o espaço já era usado pelos moradores como uma área para soltar pipa, por exemplo, mas sem a organização e a limpeza de um parque.
O terreno foi doado pela Sabesp e os serviços de terraplanagem e contenção são executados gratuitamente pela CCR a partir de negociação que envolveu o Fundo Social de São Paulo, entidades que atuam na região e a Prefeitura da capital. O investimento total chega a R$ 40 milhões.
Após a inauguração inicial - apenas com o paisagismo básico -, diferentes secretarias estaduais se dividirão na construção dos prédios. Posteriormente, haverá um chamamento público para definir a entidade que ficará responsável pela gestão do espaço e organização das atividades em parceria com projetos locais.
"Este espaço já estava destinado e sonhado, desde 2000, como um espaço de educação, contribuindo para a construção de um bairro educador. Sempre foi uma luta e um sonho de todas as associações", diz a presidente da organização Unas Heliópolis e Região, Antonia Cleide Alves, que mora na favela desde o seu inÃcio.
A ocupação da área, aliás, tem o carimbo da própria Prefeitura que, em 1971 e 1972, resolveu acomodar ali moradores retirados de outras áreas da cidade. O que era para ser provisório virou permanente. Heliópolis cresceu e hoje se espalha por 1 milhão de m².
COLORIDO
Cerca de 1,2 mil casas viradas para o parque estão sendo pintadas e passando por melhorias internas proporcionadas pelo programa Viver Melhor, da Secretaria de Habitação. Os muros coloridos se espalham por toda a extensão do parque, mas as cores nem sempre agradam.
Corintiano, o fiscal de transporte público e MC Léo Bezerra, de 24 anos, brinca que, infelizmente, a casa de sua famÃlia foi pintada de verde. "É que a dona é palmeirense, deve ser por isso. Mas as cores estão bonitas, sim, dão uma 'miragem' melhor", admite, em referência à s cores do Palmeiras. Os moradores contam que puderam escolher as cores das fachadas, mas, na parte de trás, foram sugeridos tons especÃficas para dar contraste.
Responsável pela obra, o presidente do Fundo Social, Fernando Chucre, espera que o projeto gere impacto na comunidade. "Esse modelo, de inserção de equipamentos e serviços públicos de várias secretarias em áreas de extrema vulnerabilidade, tem um poder transformador territórios e sua população", afirma.
"O parque está em um ponto estratégico da favela, atende a todos, e é isso mesmo que precisamos. Heliópolis tem potência, precisa de oportunidade", resume o presidente da Central Única das Favelas (Cufa-SP), Marcivan Barreto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo