13/01/2016 20h09
Mãe de estudante ferido em protesto em SP diz que vai processar Estado
Para o estudante de arquitetura Gustavo Camargos, de 19 anos, o protesto contra o aumento da tarifa do transporte público começou na Avenida Paulista, no centro, e terminou em uma sala de cirurgia. Atingido por estilhaços de bomba de efeito moral lançada pela PolÃcia Militar, o jovem sofreu fratura exposta no polegar direito, quebrou ossos da mão e rompeu um tendão.
Por causa dos ferimentos, a mãe dele, a advogada Ana Amélia Camargos, afirma que vai processar o Estado e pedir indenização.
Ana Amélia diz que o filho participava pacificamente do ato organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL). "De repente, começou um corre-corre: a polÃcia o acuou e começou a jogar bomba. Ele sentiu a explosão e ficou com o ouvido zumbindo. Ao olhar para mão, percebeu que estava ferido", conta a advogada.
Um pano foi usado para imobilizar o dedo fraturado, mas Camargos não conseguia sair para pedir ajuda por causa da fumaça de gás lacrimogêneo que o cercava.
O estudante recebeu ajuda de um homem e foi abrigado em uma galeria. Com a situação mais calma, conseguiu ligar para a mãe. Ana Amélia o levou para o Hospital Albert Einstein, na zona sul, onde passou pelo primeiro de uma série de procedimentos cirúrgicos para reconstituição do dedo fraturado. "A preocupação maior era limpar o local e evitar infecções, mas ele vai passar por outras cirurgias", conta.
"Estou consultando colegas de outras áreas para fazer um manifesto de repúdio à violência da polÃcia contra os jovens. Também vamos processar o Estado e pedir indenização.", diz a advogada. "O ato é legÃtimo e os manifestantes não estavam fazendo nada demais. Nem a desculpa de black bloc a polÃcia tem dessa vez."
Camargos já havia participado de manifestações anteriores, mas, se depender da mãe, ele não deve voltar tão cedo à s ruas para protestar. "Ele tem visão social, mas considerando essa polÃcia absurda e troglodita, vou ficar extremamente preocupada", afirma.
O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira, 13, que foi necessário fazer a "dispersão" porque os manifestantes se recusaram a seguir o trajeto proposto pela PM sem ter combinado previamente por que caminho seguiriam.
"Em vez de quererem se manifestar, eles preferiram tentar romper o bloqueio e ir para a Avenida Rebouças, que não estava preparada para manifestações."
Moraes também classificou como "absolutamente necessário" o aparato policial empregado no protesto, que, além de armas não letais como bombas de gás e de efeito moral, contou com blindados para conter tumultos e até a presença da Rondas Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), a tropa da PM preparada para ocorrências mais perigosas e com o maior Ãndice de letalidade da corporação.
Feridos
De acordo com informações do MPL, 24 foi o total de feridos durante o ato na Avenida Paulista. Outras 13 pessoas foram detidas e 11 delas liberadas após se apresentarem na delegacia, segundo a SSP.
Um menor foi encaminhado para uma unidade da Fundação Casa e um homem permaneceu detido. Os dois são acusados de portar explosivos.
Fonte: Estadão Conteúdo