23/12/2015 07h30
'Mensalão' de corregedor incluiria também bingos
Além do "mensalão" pago por policiais corruptos à Corregedoria da PolÃcia Civil, em troca de proteção, o Ministério Público Estadual (MPE) investiga outro esquema de propina envolvendo corregedores e donos de casas de bingo da capital e outros jogos ilegais. O valor seria o mesmo do 'mensalão': R$ 50 mil.
As investigações dos promotores do Grupo Especial de Controle Externo da PolÃcia (Gecep) começaram em outubro do ano passado, após uma denúncia anônima informar que policiais da corregedoria recolhiam dinheiro de casas de bingo, a pedido da diretoria, e dividiam entre eles.
Os promotores pediram os nomes dos policiais à corregedoria, pois o número da viatura usada para buscar a suposta propina e o primeiro nome de cada um havia sido informado. Mas o departamento se negou, alegando que havia vários policiais homônimos trabalhando no departamento.
Os promotores do Gecep levantaram todas as ocorrências da corregedoria de apreensão de máquinas caça-nÃqueis, videobingo e demais jogos de azar e descobriram que dois policiais: um investigador e um carcereiro, cuja função é de vigiar presos, sempre aparecem na maioria dos casos. O fato foi considerado suspeito e, por meio dele, o Gecep obteve mais indÃcios sobre as denúncias.
A apuração também descobriu que os policiais atuavam na Divisão de Operações Especiais (DOP), da corregedoria, e identificaram a viatura que seria usada no esquema.
Farsa
A investigação analisou as queixas recebidas pelo Disque-Denúncia e encaminhadas à Corregedoria da PolÃcia Civil nos últimos quatro anos, em relação a jogos de azar. O que chamou a atenção dos promotores é que, em 2013, a Corregedoria da PolÃcia Civil não verificou nenhuma denúncia.
Então, o Gecep encaminhou ofÃcio ao Disque-Denúncia e à Ouvidoria da PolÃcia, em 13 de março, pedindo explicações. Os órgãos repassaram os questionamento à corregedoria. Segundo os promotores, todas as denúncias não verificadas em 2013 passaram a constar como "respondidas" dois dias depois.
Em despacho, o promotor Antonio Bendito Pinto Junior, do Gecep, afirma que "ao que tudo indica, analisando o teor das denúncias, conclui-se que as cerca de 300 notÃcias foram apuradas basicamente em dois dias, nos dias 24 e 25 de março - os nossos ofÃcios requisitando informações aos respectivos órgãos foram recebidos no dia 13".
O secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes disse, na segunda-feira, 21, que recebeu cópia de todas as investigações envolvendo suspeitas de participação de policiais da Corregedoria da PolÃcia Civil em esquemas de corrupção, incluindo os bingos e o "mensalão" pago por policiais corruptos.
Segundo Moraes, sete investigadores da Corregedoria foram identificados e acabaram afastados imediatamente de suas funções, incluindo o chefe deles, Waldir Tabach.
Moraes também disse que não há até agora indÃcios da participação do então diretor Nestor Sampaio Penteado Filho. Mesmo assim, ele foi afastado do cargo e está à disposição da Delegacia-Geral, sem função definida. A medida foi tomada para evitar constrangimento. "Não é razoável o chefe da equipe investigar a própria equipe."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo