05/05/2022 11h40
Mortes causadas pela pandemia no mundo chegaram a 14,9 milhões, diz estudo da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta quinta-feira, 5, estudo que mostra que o excesso de mortes provocadas direta ou indiretamente pela pandemia de covid-19 no mundo foi de 14,9 milhões entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro do ano passado. Segundo dados da plataforma Worldometers, desde o inÃcio da crise sanitária foram notificados mais de 6 milhões de vÃtimas da doença. No Brasil, esse excesso ficou em 681.267 vÃtimas.
Especialistas, porém, apontam subnotificação diante das dificuldades de testagem e diferenças de critérios entre os paÃses na classificação dos casos. Outras causas do excesso de óbitos são os problemas de acesso a tratamentos nos picos de transmissão do coronavÃrus, quando houve sobrecarga de hospitais e profissionais de saúde.
Os cálculos da entidade mostram que o intervalo de vÃtimas ficou entre 13,3 milhões e 16,6 milhões. Para chegar a esses números, a OMS levou em conta a diferença entre a quantidade de mortes que ocorreram no perÃodo e o número que seria esperado com base em dados de anos anteriores caso não houvesse pandemia.
"Inclui mortes associadas à covid-19 direta (por causa da doença) ou indiretamente (por causa do impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade). As mortes ligadas indiretamente à covid-19 são atribuÃveis a outras condições de saúde para as quais as pessoas não tiveram acesso à prevenção e tratamento porque os sistemas de saúde foram sobrecarregados pela pandemia", explica a OMS.
Isso se aplica, por exemplo, a pacientes de câncer ou de AVC que ficaram sem um acompanhamento adequado ou atendimento rápido. A organização global também destacou a redução de mortes por acidente de carro ou de trabalho no perÃodo que muitos estiveram em isolamento social.
Os dados sobre o Brasil estimam que o excesso ficou entre 668.621 e 694.325 óbitos no contexto da pandemia - com média de 668.621. Até o dia 31 de dezembro do ano passado, o consórcio de veÃculos de imprensa registrava 619.109 mortes pela doença desde o inÃcio da pandemia, o que pode demonstrar subnotificação de vÃtimas da covid-19 e o impacto da pressão sobre o sistema de saúde em relação ao tratamento de outras doenças.
Conforme Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, os números globais são preocupantes e mostram o impacto do novo coronavÃrus. "Esses dados apontam para a necessidade de todos os paÃses investirem em sistemas de saúde mais resilientes que possam sustentar serviços essenciais de saúde durante crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais fortes", disse.
Outro dado que a organização traz é que, durante os 24 meses do estudo, as mortes ocorreram mais entre pessoas do gênero masculino (57%) e foi maior na população idosa - grupo de maior risco para a covid. Outra informação é que os óbitos se concentraram no Sudeste Asiático, Europa e Américas (84%), com cerca de 68% das mortes ocorridas em apenas dez paÃses. Pelos números oficiais, o Brasil foi o segundo a registrar mais perdas, com 663,8 mil vÃtimas.
"Calcular o excesso de mortalidade é um componente essencial para entender o impacto da pandemia. As mudanças nas tendências de mortalidade fornecem informações aos tomadores de decisão para orientar as polÃticas para reduzir a mortalidade e prevenir efetivamente futuras crises. Devido aos investimentos limitados em sistemas de dados em muitos paÃses, a verdadeira extensão do excesso de mortalidade geralmente permanece oculta", comentou Samira Asma, diretora-geral assistente de dados e análises da OMS.
Para chegar à s cifras anunciadas nesta quinta-feira, a OMS usou uma metodologia inovadora que, segundo a entidade, gera estimativas de mortalidade comparáveis, mesmo quando os dados estão incompletos ou indisponÃveis. O trabalho é fruto de uma colaboração global e consulta aos paÃses, e contou com a colaboração de especialistas do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas.
"O sistema das Nações Unidas está trabalhando em conjunto para fornecer uma avaliação oficial do número global de vidas perdidas pela pandemia. Este trabalho é uma parte importante da colaboração contÃnua com a OMS e outros parceiros para melhorar as estimativas de mortalidade global", comentou Liu Zhenmin, subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais.
Fonte: Estadão Conteúdo