22/05/2022 21h40
Mulher suspeita de envenenar enteados nega ter confessado crime a familiares
A defesa de CÃntia Mariano Dias Cabral, a madrasta presa por suspeita de envenenar dois enteados no Rio, informou que ela sustenta sua inocência. Segundo o advogado Carlos Augusto dos Santos, que atua no caso, a mulher de 49 anos nega ter confessado o crime entre familiares, conforme consta no depoimento de um de seus filhos biológicos à PolÃcia Civil. Os advogados planejam explorar o conflito de versões como estratégia de defesa.
CÃntia está presa temporariamente desde sexta-feira, 20, e foi mantida em cárcere pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), após audiência de custódia na tarde deste domingo, 22. Segundo Santos, o juiz da audiência de Custódia justificou que eventual revogação da prisão temporária deve acontecer no mesmo juÃzo que a decretou, a 3ª Vara Criminal do TJ-RJ. A defesa planeja pedir a revogação da prisão e, caso não tenha sucesso, impetrar habeas corpus na 2ª instância. Os advogados definem a prisão como "arbitrária e precipItada", e alegam que CÃntia tem colaborado com a investigação.
Um dos filhos de CÃntia disse aos policiais que a mãe admitiu, em conversa, ter colocado chumbinho no prato de feijão servido ao enteado Bruno Cabral, de 16 anos. No depoimento registrado na 33ª Delegacia de PolÃcia (DP), em Realengo, zona oeste do Rio, o filho de CÃntia disse que a mãe também teria confessado o envenenamento da enteada, dois meses antes. Fernanda Cabral, de 22 anos, morreu no fim de março, dias após passar mal imediatamente depois de almoçar na casa da famÃlia. Segundo o rapaz, a mãe teria confessado que agiu por ciúmes da relação do companheiro com os filhos, Bruno e Fernanda.
CÃntia nega a versão, dizem os advogados. Santos e o sócio, Raphael Souza, que também advoga no caso, sustentam que a mulher compareceu três vezes para depor à PolÃcia Civil. Nas duas primeiras, sem a presença de advogados, CÃntia não confessou o suposto crime e, no terceiro depoimento, já acompanhada dos advogados, permaneceu em silêncio.
Santos diz suspeitar da motivação do filho biológico da mulher, com quem ela teria relação "conturbada". Ele sugeriu que vai usar o contexto familiar e o conflito de versões na estratégia da defesa.
"Ela prestou três depoimentos e, em nenhum momento, confessou. Ela afirma que não falou nada para o filho. Quero deixar bem claro: o filho que a acusa tem problemas com ela", diz o advogado. A reportagem não conseguiu contactar os demais integrantes da famÃlia.
Ainda segundo Santos, a perÃcia realizada pela PolÃcia Civil em restos do feijão recolhido na casa de CÃntia, na segunda-feira, 16, não teria detectado nenhuma substância tóxica.
Questionado sobre o resultado de exames aos quais o enteado de CÃntia, Bruno, foi submetido após passar mal, que acusaram nÃveis altos de chumbo no organismo, o advogado afirmou que não teve acesso a esses laudos, ainda não adicionados ao inquérito. Procurada, a PolÃcia Civil do Rio informou que o resultado das perÃcias realizadas pela PolÃcia serão divulgados nos próximos dias.
A PolÃcia Civil também informou que as investigações continuam na 33ª DP, de Realengo, e que os agentes "pretendem pedir à Justiça a exumação do corpo da enteada Fernanda Cabral para análise no Instituto Médico Legal (IML)". A PolÃcia ainda confirmou que a delegacia apura possÃvel envolvimento de CÃntia em outras duas mortes, a do ex-marido e de uma vizinha. Santos rechaçou essa possibilidade, ao dizer que o ex-marido de CÃntia morreu devido a um acidente vascular cerebral hemorrágico "devidamente comprovado". O advogado afirmou desconhecer o caso da vizinha.
Fonte: Estadão Conteúdo