14/07/2015 19h50
No Rio, pesca predatória ameaça botos-cinza na Baía de Sepetiba
Ao menos 36 botos-cinza (Sotalia guianensis) foram encontrados mortos desde o inÃcio do ano na BaÃa de Sepetiba, uma média mensal seis vezes maior do que a observada há dez anos, de acordo com dados da ONG Instituto Boto Cinza. Habitat de 650 a 800 animais, a baÃa é o local com maior concentração no mundo de botos-cinza, espécie incluÃda na Lista Nacional de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Na BaÃa de Guanabara, por exemplo, há registros de apenas 36 exemplares.
Não tão poluÃda quanto a Guanabara, a BaÃa de Sepetiba banha trechos da zona oeste do Rio e dos municÃpios de Itaguaà e Mangaratiba. Segundo Leonardo Flach, coordenador cientÃfico do Instituto Boto Cinza, os animais vêm sendo fortemente ameaçados pela pesca predatória.
"O uso de traineiras diminui drasticamente a oferta de peixes e depreda o estoque de alimentação para os botos, que também acabam ficando presos nas redes ou se chocando acidentalmente nas embarcações", afirmou.
No último dia 7, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio expediu recomendação ao Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Marinha para que intensifiquem a fiscalização contra a pesca predatória na BaÃa de Sepetiba, tendo como alvo as embarcações traineiras clandestinas com redes mecânicas e de arrasto duplo.
"O boto-cinza é um sÃmbolo do Rio. Já estão quase extintos na BaÃa de Guanabara e há um número crescente de animais sendo encontrados mortos na BaÃa de Sepetiba", disse o procurador da República Sergio Suiama.
O MPF recomenda que o Ibama e a Marinha fiscalizem a baÃa com embarcações a cada 15 dias, além de manter diariamente agentes no cais, para conferir a carga das embarcações e exigir documento que comprove a origem do pescado. Os órgãos têm 20 dias para adotarem as providências necessárias. "Não basta fiscalizar apenas no perÃodo de defeso. Há barcos clandestinos e inapropriados atuando durante todo o ano", afirmou Suiama.
Em nota, a Marinha informou que realiza fiscalizações diárias na região. O Ibama divulgou que houve neste ano a apreensão de cinco embarcações e 15 pescadores, foram encaminhados à PolÃcia Civil, para a abertura de inquéritos que apure as responsabilidades pela pesca predatória. Em nota, o órgão informou que promove "ações regulares de fiscalização, que são intensificadas nas épocas do defeso".
Fonte: Estadão Conteúdo