12/03/2015 12h45
Não se pode alterar conceito de família da Constituição, diz deputado evangélico
Integrante da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) será o presidente da comissão criada para acelerar a tramitação do projeto que reconhece como famÃlia apenas os núcleos sociais formados a partir da união de um homem e de uma mulher. O chamado "Estatuto da FamÃlia" também determina que os currÃculos escolares adotem a disciplina "Educação para a FamÃlia". Pastor da Assembleia de Deus, Cavalcante foi da Associação Vitória em Cristo, do também pastor Silas Malafaia, e acabou indicado pelo conservador presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Sobre o conceito de famÃlia, um dos pontos polêmicos do Estatuto, o deputado afirma: "Como presidente, eu presido. A minha opinião como parlamentar só será exposta em caso de empate. Meu dever lá é ouvir todos os matizes ideológicos, respeitando todos. Tudo se decide no voto. Minha posição é que não se pode alterar o conceito de famÃlia estabelecido na Constituição'.
Para Sóstenes, o objetivo do projeto é, "definir polÃticas públicas para todas as esferas, como saúde e educação, princÃpios que referendem e sustentem a famÃlia". E para os outros tipos de famÃlias, o deputado afirma que deve haver 'outras frentes' para discutir outros estatutos, outros modelos, "aqui se quer defender a famÃlia conforme está na Constituição. É meu dever como presidente conduzir os trabalhos de maneira salutar e defender a famÃlia constitucional. Diferente disso, aà é Proposta de Emenda Constitucional, que qualquer parlamentar desta Casa pode fazer".
O deputado é favorável aos projetos que determinam a adoção da disciplina 'Educação para a FamÃlia' e da 'valorização da famÃlia no ambiente escolar' e ressalta que, "estamos cometendo um grande erro com a famÃlia" pelo fim da disciplina 'Educação Moral e CÃvica' nas escolas. "Estamos vendo uma desagregação do conceito familiar como nunca na história. Acho que, por causa do suposto Estado laico, as pessoas confundem isso com a valorização de valores que norteiam a sociedade desde sempre", afirma.
Sóstenes acredita que o Parlamento pode sim decidir sobre questões Ãntimas, "o Parlamento decide sobre várias questões, é quem 'parametriza' a educação e a saúde para proteger a famÃlia. Isso é uma proteção à famÃlia, não é interferência na famÃlia". Para o deputado evangélico, o PaÃs 'caminha' há 12 anos com um governo de esquerda que "quer interferência do Estado na famÃlia" e que quer 'destruir' o conceito de famÃlia como sociedade. E finaliza, "querem enfraquecer a famÃlia tradicional que norteou a sociedade até hoje".
"Kit gay"
Sugerido na primeira gestão Dilma Rousseff, o 'kit gay' seria para Sóstenes uma dessas interferências do governo: "não prego violência contra nenhum seguimento, muito menos LGBT. Mas, quando você quer fomentar polÃticas para dizer que qualquer comportamento humano sobre a famÃlia é normal e natural, está influenciando na formação".
Comissão
Questionado se caberá espaço para divergência na comissão, que tem perfil mais conservador, o deputado avalia: "esta Casa representa a opinião do povo brasileiro. O povo, na sua maioria expressada pelo voto, diz que o PaÃs ainda é de maioria conservadora. Se a comissão tem maioria conservadora, e tudo será decidido no voto, existe uma tendência natural a que os assuntos aprovados sejam conservadores. Não vejo problema nenhum. A gente precisa respeitar a minoria, mas a minoria não pode se arvorar o direito de querer calar uma maioria, senão não vivemos em democracia."
Fonte: Estadão Conteúdo