05/01/2016 07h24
País tem alta de dengue antes do verão e 2015 acumula 1,58 milhão de casos
Após registrar queda significativa em agosto, o número de casos de dengue voltou a subir. O aumento foi identificado em todas as regiões do PaÃs e aponta também para o crescimento da população de Aedes aegypti em todo o território nacional - um indicativo de que os riscos para as outras doenças transmitidas pelo vetor, zika e chikungunya, também são altos. Até a primeira semana de dezembro, haviam sido notificadas 1.587.080 infecções por dengue, 123.304 a mais do que o verificado até a última semana de setembro.
"Todos os anos, o PaÃs registra aumento de casos no perÃodo das chuvas, no verão. Mas, em 2015, o fenômeno aconteceu de forma antecipada", afirma João Bosco Siqueira Júnior, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFG). A tendência de elevação acontece a partir de dezembro e janeiro. Em 2015, o aumento começou em outubro e novembro.
Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o maior avanço da epidemia foi registrado no Centro-Oeste, onde a incidência dobrou entre outubro e novembro e saltou de 21 para 45 casos por 100 mil habitantes. No Sudeste, o comportamento foi semelhante: passou de 10,7 para 19,2 por 100 mil habitantes. No Nordeste, o aumento foi menos expressivo, de 18,6 para 23,8, mas a marca põe a região na segunda posição de incidência de dengue.
As mortes também não deram trégua. Mais cem casos foram contabilizados entre a última semana de setembro e a primeira de dezembro. Pelos dados reunidos até agora, 2015 teve pelo menos 839 óbitos provocados pela doença, o maior número registrado na história desde que o vÃrus, transmitido pelo Aedes aegypti, voltou ao PaÃs, em 1982. Em 2013, que apresenta a segunda maior marca, foram 674 mortes.
Recorrência
A antecipação de casos de dengue, embora rara, não é inédita. Nos verões de 2001-2002 e 2009-2010, o aumento precoce do número de casos também foi registrado. "Foram anos em que a epidemia de dengue foi mais intensa", diz Siqueira Júnior.
Para o professor, o fato de a alta de casos já estar em curso não significa, por si só, que a epidemia será mais grave. "Havia uma esperança de que 2016, depois do aumento tão expressivo de 2015, tivesse um comportamento melhor. Mas, em dengue, não há previsões. Você sempre pode ter risco de epidemia no PaÃs, porque há sempre uma parcela da população suscetÃvel." Há uma combinação de fatores que definem problema: o clima, a população de mosquitos e população suscetÃvel ao vÃrus circulante no ano.
Para Siqueira Júnior, no entanto, os números têm de ser analisados de uma nova forma neste ano. Embora isolados já sejam bastante preocupantes - uma vez que a dengue pode levar à morte -, os dados indicam haver uma população expressiva do mosquito, vetor também da chikungunya e do zika, vÃrus apontado como a causa do crescimento do número de microcefalia no PaÃs em 2015.
A estatÃstica dá mostra do risco de a população enfrentar agora uma trÃplice epidemia: dengue, chikungunya e zika. "(O Boletim Epidemiológico) É um reforço para a necessidade de se combater o mosquito", diz o professor. Siqueira Júnior observa que a epidemia, além dos riscos à população, sobrecarrega os sistemas de saúde.
Ele avalia também que as estatÃsticas brasileiras são transparentes e feitas de forma a retratar o alcance da dengue em toda a população. "Não são todos os paÃses que adotam essa metodologia. Isso faz com que nossos números sejam muito impressionantes, mas não significa que sejamos os únicos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo