06/05/2022 17h50
PF volta a dizer que não encontrou indício de crime contra menina ianomâmi em RR
A PolÃcia Federal (PF) reafirmou nesta sexta-feira, 6, que até o momento não encontrou indÃcios de violência contra indÃgenas da comunidade de Aracaçá, na Terra Yanomami, em Roraima. A investigação ainda não foi concluÃda.
O inquérito foi aberto após o lÃder indÃgena Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde IndÃgena Yanomami e Yekwana (Condisi YY), denunciar o estupro e o assassinato de uma menina de 12 anos por garimpeiros ilegais. As primeiras informações também acusavam os invasores de afogarem outra criança, de 3 anos, e estuprarem a mãe dela.
A PF informou que "a natureza da denúncia não condiz com os fatos concretos e reais". Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o delegado federal Daniel Ramos, responsável pela investigação, disse que ouviu todos os indÃgenas da comunidade Aracaçá e que os depoimentos apontam um "conflito de narrativas".
"As informações se originaram de um vÃdeo institucional de uma ONG. Este foi assistido por um indÃgena que repassou as informações a outro. Este segundo indÃgena inferiu, a partir dos elementos que tinha, que membros de sua comunidade teriam sido vÃtimas da violência apresentada no vÃdeo", concluiu a PolÃcia Federal.
Os investigadores ainda aguardam o laudo das cinzas coletadas em uma cabana incendiada para saber se há material biológico. O inquérito deve ser concluÃdo em 30 dias.
Em nota, a Hutukara Associação Yanomami pediu uma "apuração mais ampla e aprofundada do histórico de violências vividas pelos indÃgenas em Aracaçá por consequência do garimpo ilegal".
"As informações obtidas até o momento confirmam o cenário desolador vivido pela comunidade a partir das relações impostas pelo garimpo, com reiterados depoimentos de violência sexual em série", diz a manifestação.
Uma nova frente foi aberta na investigação depois que representantes da PolÃcia Federal, Ministério Público Federal, Funai, Sesai, militares e o próprio Júnior Hekurari estiveram na comunidade de Aracaçá. O local foi encontrado vazio e em chamas. O território ianomâmi é uma das mais impactadas pelo garimpo ilegal.
A PF afirma que não há indÃgenas desaparecidos. "A investigação apontou que, ao menos, nove ianomâmis moram no local, sendo que seis foram contatados presencialmente no primeiro dia das diligências no local e outros três uma mulher e dois netos estão em Boa Vista para tratamento de saúde da mulher. Por fim, outros indÃgenas que residiam no local teriam se mudado para outra comunidade, conforme relatado pela própria liderança indÃgena que encaminhou a denúncia dos crimes", diz a corporação.
Com a repercussão do caso, deputados e senadores organizaram visitas ao local. A ministra Cármen Lúcia, Supremo Tribunal Federal (STF), citou o caso no plenário e disse que os indÃgenas sofrem com uma realidade de "violência e barbárie".
Fonte: Estadão Conteúdo