A Polícia Federal em Mato Grosso do Sul vai apurar a possível contaminação da água de um córrego utilizado por índios guaranis-caiovás em Paranhos, no sul do Estado, fronteira com o Paraguai.
O pedido de instauração de inquérito foi feito pelo Ministério Público Federal na última terça-feira (20).
Índios que se banhavam no córrego Ypo'i (rio estreito, em guarani), na quarta-feira passada (14), informaram à Funai (Fundação Nacional do Índio) que uma espuma branca tomou conta da água. Fotos e filmagens feitas pelos indígenas foram encaminhadas pela Procuradoria à Polícia Federal em Ponta Porã (MS).
O vídeo com imagens do córrego coberto por espuma publicado no YouTube já tem cerca de 4.800 acessos. Os índios acusam fazendeiros de envenenar a água, mas não citam nomes.
"Nós, lideranças da Aty Guasu [assembleia guarani-caiová], estamos chocados e indignados com as ações cruéis dos fazendeiros", diz texto publicado pelos índios junto com o vídeo.
O Ministério Público Federal solicitou à PF que uma perícia seja realizada na água do riacho para verificar se o córrego foi realmente contaminado.
Os índios ocupam desde 2010 parte da fazenda São Luís. Eles dizem que essa área é o tekohá --terra sagrada-- deles.
Em abril deste ano a Justiça Federal estabeleceu o prazo de um ano para que a União demarque as terras reivindicadas pelos caiovás da aldeia Ypo'i. À época, uma ação de reintegração de posse foi suspensa até a demarcação final.
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a aldeia Ypo'i tem um histórico de violência. Desde 2009, três índios foram assassinados. Entre as vítimas, estão dois professores, os primos Genivaldo e Rolindo Vera.
O Cimi diz que o corpo de Genivaldo foi encontrado no córrego, perfurado, com sinais de tortura e o cabelo raspado. Rolindo está desaparecido até hoje.
Em 2010, o indígena Teodoro Recalde apareceu morto a golpes de facão.