11/03/2016 11h19
TJ nega indenização a transexual 'crucificada' na Parada Gay
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) negou pedido de indenização proposto pela modelo transexual Viviany Beleboni, que simulou crucificação na Parada Gay de São Paulo no ano passado. Ela afirmou ter sofrido ameaças pelas redes sociais e diz que os ataques foram resultado de eventual "discurso de ódio" proferido pelo senador Magno Malta (PR-ES).
Em discurso, o senador afirmou que a encenação na parada "passou dos limites e semeou a intolerância e o desrespeito à liberdade religiosa". Chamou ainda a ação da transexual de "nefasta, inescrupulosa e reprovável".
Para a juÃza LetÃcia Antunes Tavares, da 14ª Vara CÃvel Central da Capital, a encenação foi amparada pela garantia constitucional da liberdade de expressão, mas entende também que a modelo deve "arcar com o ônus e a popularidade" da repercussão do ato. "Não se encontram presentes os requisitos para configuração da responsabilidade civil, pois o exercÃcio do direito de crÃtica por parte do requerido é lÃcito e não há provas de que este tenha violado a honra ou imagem da autora, nem de que a ameaçou." Ainda cabe recurso.
A defesa do senador apontou que não houve declaração de ameaça ou ofensa à transexual, já que as crÃticas teriam sido dirigidas não à modelo, mas ao ato de "debochar" dos sÃmbolos considerados sagrados no cristianismo.
Agressões. A transexual causou polêmica e atraiu a ira de grupos religiosos porter interpretado Jesus Cristo crucificado na Parada Gay. Ela relatou ter sofrido ameaças de agressão e ingressou com seis ações por danos morais, contra diferentes pessoas, no TJSP. Outros processos ainda estão em andamento.
Em agosto do ano passado ela denunciou ter sido agredida em uma rua na região central da capital. Viviany postou um vÃdeo no Facebook em que relatou a agressão, dizendo ter sido motivado pelo fato de ela "Não ser de Deus". Não foi registrado boletim de ocorrência.
Fonte: Estadão Conteúdo