08/07/2022 11h30
Varíola dos macacos: entenda como ocorre a transmissão e os sintomas da doença
Os órgãos sanitários brasileiros confirmaram 36 novos casos de varÃola dos macacos (monkeypox), de acordo com o último boletim do Ministério da Saúde desta quinta-feira,7. O total chega a 142 e a maioria (98) foi confirmada no Estado de São Paulo.
O aumento dos casos ocorre no mundo todo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou mais de 7 mil registros em 60 paÃses desde o inÃcio do surto, em maio. A Europa é o epicentro, com cerca de 80% das notificações. Até agora, foi registrada apenas uma morte provocada pela doença. Em São Paulo, os casos também vêm se multiplicando. Na última terça-feira, 5, o Ministério da Saúde contabilizava 80 pacientes com a doença no PaÃs, dos quais 52 estavam em São Paulo.
Uma das principais preocupações entre todos os profissionais da saúde é a falta de informações sobre a doença e o perÃodo prolongado em que ela continua transmissÃvel. A subnotificação também preocupa, considerando que o processo de coleta, envio e análise das amostras é lento e sem controle entre os diferentes nÃveis da administração pública.
Como a varÃola dos macacos é transmitida
Apesar do nome, a doença viral não tem origem nos macacos, apenas foi identificada pela primeira vez nesses animais. A varÃola dos macacos não se espalha facilmente entre as pessoas. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a transmissão ocorre principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados.
A transmissão secundária (pessoa a pessoa) pode acontecer por contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias ou lesões na pele de um infectado, ou com objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão. A transmissão ocorre também por gotÃculas respiratórias.
Em São Paulo, médicos têm relatado aumento rápido sobretudo entre homens gays, bissexuais, mulheres transexuais e travestis. Esse padrão de contágio, entre homens que fazem sexo com outros homens, também foi observado em outros paÃses, como a Espanha. Especialistas alertam, porém, que qualquer pessoa pode se infectar pelo vÃrus. A Secretaria de Estado da Saúde informou que o surto tem prevalência de transmissão de contato Ãntimo e sexual.
O padrão de infecção também foi reconhecido nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, onde as campanhas de vacinação contra a varÃola dos macacos foram direcionadas especificamente para homens gays e bissexuais. No Reino Unido, 96% dos 1.235 casos confirmados até a última sexta-feira, 1º, eram em homens que se relacionam com homens, segundo a Agência de Segurança em Saúde.
Quais os tratamentos para a varÃola dos macacos
Não há tratamento especÃfico, mas os quadros clÃnicos costumam ser leves. Os pacientes vêm se recuperando em algumas semanas apenas com repouso, hidratação oral, medicações para diminuir o prurido e controle de sintomas como febre ou dor.
Existem medicamentos antivirais, como o tecovirimat e o cidofovir, que podem ser usados em pessoas sob risco de complicações, mas que não são facilmente disponÃveis comercialmente. E, assim como na maioria das viroses agudas, o próprio sistema imunológico é capaz de eliminar o vÃrus.
O maior risco de agravamento ocorre, em geral, para pessoas imunossuprimidas com HIV/aids, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos.
Como prevenir a varÃola dos macacos
Para a prevenção, deve-se evitar o contato próximo com a pessoa doente até que todas as feridas tenham cicatrizado, assim como com qualquer material que tenha sido usado pelo infectado. Também é importante a higienização das mãos, lavando-as com água e sabão ou utilizando álcool gel.
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença ocorre principalmente na Ãfrica Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda fora do continente causa preocupação. O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivÃduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varÃola dos macacos é endêmica.
Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da Ãfrica Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%. A monkeypox coloca os virologistas em alerta porque está na famÃlia da varÃola, embora cause quadros menos graves.
A varÃola foi erradicada pela vacinação em 1980, e a vacina desde então foi descontinuada. Diante do aumento de casos em paÃses onde ela não é endêmica, a OMS convocará uma nova reunião de seu comitê para definir como proceder com a questão e não descarta declarar a varÃola dos macacos como emergência de saúde global, mesmo status da covid-19.
Fonte: Estadão Conteúdo