30/05/2022 16h10
Varíola dos macacos: Ministério da Saúde investiga dois casos suspeitos no Brasil
O Ministério da Saúde afirmou nesta segunda-feira, 30, que as autoridades investigam dois casos suspeitos de varÃola dos macacos no Brasil. Um deles em Santa Catarina e o outro no Ceará. Até o momento, não há casos confirmados no PaÃs. "O Ministério da Saúde está em contato com Estados para apoiar no monitoramento e ações de vigilância em saúde", disse em nota.
A Secretaria da Saúde do Ceará (SESA) disse que recebeu a notificação de um caso suspeito de varÃola dos macacos de um residente de Fortaleza. "Foram aplicadas todas as medidas recomendadas como isolamento domiciliar, busca de contatos e coleta de material para exames, que está em processamento", reforçou, em nota.
Após investigação epidemiológica, a pasta acrescenta que não foi identificado nenhum deslocamento para áreas em que foram confirmados casos e nem contato com pessoas com a doença. A principal suspeita diagnóstica é varicela.
Até agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que ao menos 20 paÃses que antes não tiveram registros de varÃola dos macacos relataram mais de 250 casos. Outras 120 notificações permanecem sob investigação. Nenhuma morte foi relatada pela entidade.
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivÃduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varÃola dos macacos é endêmica. Desde então, paÃses da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.
No domingo, 22, o Reino Unido confirmou que os casos já estavam sendo considerados como de transmissão local. Ou seja, não estavam relacionados a nenhuma viagem à Ãfrica Ocidental, onde a doença é endêmica.
No mesmo dia, o Ministério da Saúde da Argentina informou investigar o primeiro caso suspeito no paÃs. Tratava-se de um homem residente de Buenos Aires, que esteve recentemente na Espanha e apresentava sintomas compatÃveis com a doença, mas está em "bom estado geral".
Na sexta-feira, 20, a Alemanha notificou o primeiro caso em um paciente brasileiro de 26 anos. Ele passou por Portugal e Espanha antes de chegar ao paÃs, onde visitou as cidades de Düsseldorf e Frankfurt antes de chegar a Munique, onde esteve cerca de uma semana antes de ser diagnosticado com a doença.
Pelo fato de a vacinação contra a varÃola comum ter se mostrado protetora contra a varÃola dos macacos, no Reino Unido, a imunização está sendo oferecida a alguns profissionais de saúde e outros que podem ter sido expostos ao vÃrus.
Rosamund Lewis, principal especialista em varÃola dos macacos da OMS, disse que não espera que as centenas de casos relatados até o momento se transformem em outra pandemia, mas reconheceu que ainda há muitas incógnitas sobre a doença, incluindo como exatamente ela está se espalhando e se a suspensão da imunização em massa contra a varÃola décadas atrás pode de alguma forma estar acelerando sua transmissão.
Em uma sessão pública nesta segunda-feira, Rosamund Lewis disse que é fundamental enfatizar que grande parte dos casos vistos em dezenas de paÃses em todo o mundo são entre gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens, para que os cientistas possam estudar mais a questão e que as populações em risco tomem precauções.
"É muito importante descrever isso porque parece ser um aumento em um modo de transmissão que pode ter sido pouco reconhecido no passado", disse a especialista.
Ainda assim, ela alertou que qualquer pessoa corre risco potencial de contrair a doença, independentemente de sua orientação sexual. Outros especialistas apontaram que pode ser acidental que a doença tenha sido detectada pela primeira vez em homens gays e bissexuais, dizendo que pode ela se espalhar rapidamente para outros grupos se não for controlada.
Transmissão
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na Ãfrica Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da Ãfrica Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.
O vÃrus pode ser transmitido através do contato com lesões na pele e gotÃculas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O perÃodo de incubação da varÃola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Sintomas
Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivÃduos com varÃola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, finalmente, crostas também aparecem. Segundo a OMS, os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.
Prevenção
Segundo o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que residentes e viajantes de paÃses endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vÃrus da varÃola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem.
Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vÃrus, além de evitar contato com pessoas infectadas e usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele.
A OMS permanece trabalhando em estreita colaboração com paÃses onde foram relatados casos da doença viral. (Com informações da AP)
Fonte: Estadão Conteúdo