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Mulher
11/01/2011 17h28

Diferença de idade: mulheres mais velhas com homens mais jovens (parte II)

Diferença de idade: mulheres mais velhas com homens mais jovens (parte II)

Thaïs Sá Pereira e Oliveira, psicanalista da SPID - Psicóloga (CRP/05-1821) Consultora do ParPerfeito th.spo@terra.com.br

Cada fruto tem seu tempo de maturação, e assim é também com o ser humano. Cada um tem seu momento para decidir se ficou idoso e o que deve ou precisa abdicar. Enquanto o preconceito fervilha, é preciso ignorá-lo e seguir adiante norteada pelo próprio desejo e pela certeza de que, a essas alturas, é você quem deve saber o que é melhor para você.

Como o preconceito com a idade da mulher existe também em homens sensíveis e de bom nível intelectual, adota-se o padrão biológico para explicar esse fato. A preferência por parceiras jovens teria origem na própria espécie, já que o homem pode gerar filhos até uma idade bem avançada e por meios naturais – o que não acontece com a mulher. Haveria, então, como que uma tendência instintiva do macho para continuar a cumprir sua função de reprodução, visando ainda o aprimoramento da espécie humana; daí procurarem as fêmeas mais belas, jovens e sadias. Entre os animais irracionais, os tubarões são um bom exemplo: estão encarregados de eliminar peixes doentes e enfraquecidos pela velhice. Realizando uma verdadeira varredura nos oceanos, eles devoram os que não podem ou não devem mais procriar.

A pecha de que as mulheres procuram homens ricos, fortes e poderosos, relegando os outros a segundo plano se explicaria, também, desse ponto de vista: pelo “instinto” de preservação que a mãe teria em relação à sua prole. Não se pode esquecer que o homem é o protetor ancestral da mulher e das crias.

Levando-se em conta várias pesquisas, concluiu-se que a beleza é uma dádiva genética que só alguns recebem e que leva a resultados surpreendentes. Provou-se que mulheres e homens bonitos são tratados com mais consideração e atingem os postos mais disputados em sua profissão, mais facilmente que os outros. A beleza é, portanto, um elemento facilitador de sucesso em todas as áreas. Com o passar do tempo, porém, a beleza começa a se esvair. Também os hormônios se alteram: diminui o estrogênio e aumenta a testosterona. Foi provado que a presença do estrogênio em maiores níveis no organismo feminino é sentida pelo homem e o atrai nessa direção, mais uma vez, em função da procriação.

Até agora, tudo parece conspirar contra as mulheres de mais idade. Será isso mesmo? Que tal pensarmos nas vantagens que os homens têm ao se ligar afetivamente a essas mulheres?

1) Elas não têm mais o instinto para a procriação, uma vez que, em geral, já cumpriram essa função. Estão, por isso, mais atentas e disponíveis para outros aspectos prazerosos da vida.

2) Quando não são muito carentes e ansiosas é porque não se privaram de experiências amorosas. Se viveram um período de solidão, é quase certo que aprenderam o que é essencial para sua felicidade. E, de uma forma ou outra, tornaram-se mais compreensivas, tolerantes e generosas para com aquele que vierem a amar.

3) Elas estão se mantendo bonitas por mais tempo, graças a cuidados específicos e a recursos antes inexistentes. Mulheres sozinhas dispõem de mais tempo para dedicar-se à conservação de uma boa forma e preocupam-se em ser mais atraentes, explorando tudo que têm a seu favor para compensar a “desvantagem” de já não serem tão jovens.

4) Enquanto os homens, guiados – a bem dizer – por instintos biológicos e/ou narcísicos, priorizam as experiências com jovens, mulheres da mesma faixa etária sabem poupar-se de experiências semelhantes, fadadas, quase sempre, ao fracasso. Na maioria das vezes, já viveram suas paixões e agora buscam uma relação sólida e amorosa, o que não subentende tédio e falta de emoção.

5) Muitas mulheres, de 45, 50 e até 60 anos, fazem reposição hormonal. Por técnicas artificiais de fecundação, uma mulher de 63 anos pode dar à luz um filho absolutamente saudável, driblando os médicos, ao diminuir sua idade para 55, limite imposto para o tipo de procedimento usado nesses casos. Isso quer dizer que, mesmo um indivíduo sem filhos, pode tê-los com uma mulher de mais idade.

6) Com o tempo, muitos homens se dão conta do antigo desejo de terem uma mulher só para eles, e percebem que uma companheira saudável e de idade próxima da sua é a que pode realizá-lo nesse sentido. Com filhos criados e casados, muitas vezes já aposentadas, a convivência com essas mulheres é descoberta como sendo mais satisfatória do que a companhia mais exigente e trepidante da mulher de 20 ou 30 anos, com seu instinto materno a todo vapor.

A abordagem biológica nos afasta de outra, cujo peso é maior: o prazer.

Diferentemente dos animais, o ser humano sente desejo e busca realizá-lo. Sempre que o faz, em condições adequadas, o resultado é o prazer. Se a beleza e a juventude atraem o sexo oposto, não garantem de forma alguma a presença ou a manutenção do desejo, e, por conseguinte, do prazer. As fantasias humanas são as mais diversas e irão sempre se sobrepor em intensidade a qualquer instinto biológico. O objeto do desejo é fruto de singularidades do sujeito e comumente incompreensível do ponto de vista de processos conscientes.

Numa peça de Nelson Rodrigues, famoso dramaturgo carioca já falecido, encontramos um exemplo bizarro: um marido, indiferente à sua belíssima e jovem esposa, passa a demonstrar por ela total devoção e a grande paixão pela qual ela tanto ansiara, após um acidente que a priva de sua beleza. Também nos parece estranho um belo homem casado com uma mulher “sem graça” e mais velha que ele, exibindo, ambos, uma grande felicidade. Assim, enigmático e mutante, é o desejo.

É interessante ressaltar que mulheres que não conseguem tirar partido do que têm à sua disposição em cada fase de sua vida costumam valorizar apenas o que foi perdido, e se tornam demasiado suscetíveis a qualquer frustração. Torna-se mais difícil para elas substituir crenças negativas por tentativas de contatos amorosos. Em geral, elas assumem uma posição de competição com os homens, de crítica excessiva ao sexo oposto e inveja em relação às vantagens que lhe atribuem. Estas mulheres se mostram intolerantes, interpretando qualquer movimento masculino como sinal de rejeição e arrogância, e orgulham-se de alardear sua não submissão a eles.

Na verdade, estarão em grande desvantagem se não tiverem conseguido se livrar de seu amargor nem atingir um grau significativo de autoconfiança e aceitação de riscos inevitáveis.

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