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Opinião
28/01/2016 09h18

E agora José?

Stefan Salej

A lama do desastre da mineradora Samarco em Mariana já se espalhou pela nossa história pelos próximos cem anos. Fazendo trocadilho, Samarco, fez o Marco na  historia da mineração e do meio ambiente no mundo, não só no Brasil. Agora, todo mundo é sábio, desde os procuradores, ONGs, políticos, até a prefeitura de Mariana, engenheiros e técnicos, funcionários e não sei mais quem. A quantidade de gente que sabia, avisou, e que previa o desastre dava para encher uma outra barragem, desta vez de incompetência e vaidade. Mas, o que ficou de lição para o nosso futuro,apósesse desastre tão lamentável?

Primeiro que, mesmo uma empresa com um discurso tão empolgado e ganhadora de tantos prêmios na área de sustentabilidade, como foi SAMARCO, pode vender bem a imagem para opúblico externo, mas se não tiver o chamado compliance interno, ou seja, se não for organizada internamente e com vontade real para evitar esse tipo de desastres, de nada vale essa imagem. Como exemplo temos o seu Conselho de administração, que se, reúne segundo noticiário nos jornais, três ou quatro vezes por ano, composto por dois representantes de cada acionista(Vale e a australiana BHP) e presidido pelo representante da Vale. Suas atas mostram que nunca ninguém se preocupou com esse tipo de problema. Nunca perguntaram à diretoria, a não se quanto de lucro vão produzir, o que pode acontecer. E a empresa não tinha plano B. Nunca estudaram suas vulnerabilidades físicas nas minas, ou as ignoraram.

Segundo, quando surgiu o problema, a gestão da crise pela  empresa foi desastrosa em todos os sentidos. Vão virar umcase nas universidades de como não reagir para resolver os problemas. Não foi só na área de comunicação, mas no todo. E à empresa podem se juntar os demais atores da tragédia. O governo de Minas foi outro que falhou antes, todos os governos anteriores e o atual, e falhou na gestão da crise. Deveria ser feito sob comando do próprio governador do Estado um comitê de crise, trazendo inclusive para ajudar os ex-presidentes da empresa, como Luciano Penido, que tem conhecimento e respeito, algo que a atual diretoria não tem.

Terceiro, tudo continua sendo um grande show de incompetência, de relações públicas para vários segmentos, sem resolver o principal problema: como resolver a situação da população prejudicada e qual é o futuro da empresa e de toda a mineração no Brasil. Prender os incompetentes e culpados não vai responder a isso. E a esta pergunta não respondem nem as entidades de classe como a FIEMG, nem a empresa e nem o governo do estado ou federal. Sem esta resposta, o desastre será ainda maior, além de possivelmente se espalhar por outras minerações e outros municípios. 

Criamos a falta de perspectiva olhando para trás, invés de resolver o problema e olharmos para A frente.

 

*Stefan Salej - Consultor internacional / Ex Presidente do SEBRAE  e da FIEMG

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