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Opinião
22/05/2018 16h12

LÉA SILVA SOARES

Nossa Gente, Nosso Orgulho - Por Teresinha Maria Silveira Villela

Antônio da Costa e Silva, português, radicado no Rio de Janeiro, achando-se muito doente, foi orientado pelo médico a vir para São Lourenço a fim de tratar-se com as águas minerais. Hospedou-se no hotel São Lourenço, cujos proprietários eram os irmãos Medeiros Terra.

Antônio recuperou-se em pouco tempo, mas, não regressou ao Rio de Janeiro, pois apaixonara-se por Izar de Freitas Lima, filha de Francisca Medeiros Terra e Lúcio de Freitas Lima. Casaram-se em 1919, e tiveram cinco filhas: Anita, Lúcia, Léa, Celina e Terezinha. Em 1922 fundaram o Hotel Silva.

Léa, a segunda filha, nasceu em São Lourenço a 16 de junho de 1926. Teve uma infância feliz, rodeada pelo amor da família e, na adolescência a cumplicidade e carinho da mãe que as acompanhava às festas e bailes. Léa e suas irmãs foram criadas no Hotel Silva até que se casaram. Foi aluna destaque em português durante os anos que estudou no Ginásio São Lourenço, matéria ministrada por Dr. Agenor Gomes Pinto.

Em 1944, Léa fundou o time de voleibol “Olímpico”, do qual faziam parte também: Elza Lage, Maria Eugênia Prazeres, Zilá Cambraia, Dilma Prazeres e Celina Silva. Léa era considerada a melhor cortadora deste time e a melhor jogadora de São Lourenço. Aos 19 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que recebeu convite para integrar a equipe de voleibol do Fluminense.

Naquela época a Rádio Nacional acabara de lançar um programa que ia de encontro ao seu ideal. Chamava-se “Em busca de uma Estrela”. Léa se inscreveu, cantou e encantou! Dois anos depois, regressou à terra natal. Passou a cantar em festas e casamentos. Quando se apresentava em cassinos, era anunciada como “A voz de Veludo”!

Em 1949, conheceu Enrico Soares, funcionário da Companhia Sul-Mineira de Eletricidade. Apaixonaram-se e casaram-se a 7 de setembro do mesmo ano, em São Lourenço e radicaram-se em Varginha. Os filhos foram chegando: Ivan, Ivanice, Ivone, Ivana, Ilka, Néa e Sandra.O infortúnio, porém bateu à sua porta: Enrico faleceu em 1959.

Léa, mulher forte, corajosa, não se deixou abater. Enfrentou os grandes problemas que a vida lhe ofereceu com determinação, apesar da falta de Enrico, e ter que cuidar sozinha de sete filhos pequenos. Inteligente e prestimosa, Léa passou a fazer doces caseiros e compotas para reforçar o orçamento doméstico.

Amiga íntima da Irmã Diretora do Colégio Santos Anjos de Varginha, cantava em todos os eventos daquele educandário ou por indicação das freiras, nos casamentos da elite varginhense. Desta amizade surgiu a possibilidade de conseguir bolsas de estudos integrais para todos os filhos.

Em 1963, os Correios e Telégrafos abriram concurso público para preenchimento de vagas. Léa se inscreveu e passou. Por conveniência, optou por Varginha, onde trabalhou por dez anos.

Certa de que seria melhor para a família viver em São Lourenço, conseguiu sua transferência. Mais tarde, por incentivo de seu grande amigo Crezo de Carvalho, prestou concurso para a Receita Federal e assumiu o cargo na agência local. A vida mudou. Afinal São Lourenço era sua terra natal, onde tinha amigos e familiares; além disso, a cidade a recebeu de braços abertos.

Léa passou a conciliar sua vida familiar com o emprego e a participação no Coral Bach, fundado por Dulcemar Lafaille em junho de 1972, sob a regência de D. Lídia Candal Vaz e, mais tarde, por Maria Bernadete Guimarães, com o acompanhamento de Mauricio França Mendes. Este coral sempre foi o orgulho da cidade.

Participou também de um concurso de canto, no programa Flávio Cavalcanti, em São Paulo, sendo a primeira colocada.

Léa foi uma pessoa vitoriosa, guerreira e exemplo de mulher. Aposentada, recebeu o merecido respeito da família e dos amigos que fez ao longo de sua vida.

Aposentada, certamente aproveitaria tão importante fase de sua vida para curtir os filhos, netos e poderia voltar ao convívio dos amigos com mais intensidade. Por pouco tempo a vida lhe sorriu... pois ficou enferma e Léa partiu a 24 de junho de 2007. Foi convidada a cantar no Coral dos Anjos na Pátria Celeste.

Sem muitas despedidas, certa do dever cumprido ela partiu.....

Deixou saudades, a querida Léa, muitas saudades.

Pela passagem do seu 80º aniversário, trago-lhe o meu abraço. Parabéns querida amiga.

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