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Opinião
03/08/2018 08h30

Mitos sobre o cérebro

O que você sabe sobre seu cérebro é verdade?

Por Carolina Campos – Fonoaudióloga, mestre em Neurociências (UFMG)

Você já ouviu falar que o cérebro encolhe se bebermos menos de seis copos de água por dia? Ou que beber café regularmente reduz a capacidade de atenção? E que a concentração das crianças diminui depois de ingerir alimentos como chocolate e refrigerante? Sinto dizer, mas nada disso é verdade!  As pesquisas no campo da neurociências tem avançado substancialmente. No entanto nem sempre as informações produzidas são interpretadas e transmitidas da maneira mais correta, nascendo assim os neuromitos, amplamente divulgados nos meios de comunicação.

Possivelmente, o neuromito mais famoso é de que “usamos 10% de nosso cérebro”. Com o advento dos estudos de neuroimagem, como a tomografia computadorizada, sabemos que usamos todas as regiões do nosso cérebro. Uma simples ação como abrir e fechar a mão, ou falar uma frase, requer o uso simultâneo de diversas áreas do cérebro, bem superior a 10%. Mesmo quando estamos dormindo o cérebro permanece ativo, identifica sons, consolida a memória e controla funções como a respiração e atividade cardíaca.   

Existe predominância entre os hemisférios do cérebro? Muitos acreditam que a personalidade ou o tipo de raciocínio pode ser explicado pela predominância da atividade cerebral. Um artista plástico muito criativo seria alguém que “pensa mais com o lado direito do cérebro”, e talvez um engenheiro com raciocínio lógico-matemático privilegiado seria alguém que “pensa mais com o lado esquerdo do cérebro”. O cérebro saudável age como um todo, ambos os hemisférios estão conectados e as informações são integradas a todo o momento.

Outro neuromito muito conhecido é o de períodos críticos de aprendizagem. A ideia de que só se pode aprender em uma janela de tempo, preferencialmente na infância, é impregnada na mente de diversas pessoas. Devido à plasticidade neuronal o ser humano tem a capacidade de aprendizagem durante toda a sua vida.  Nosso cérebro possui mais de 100 bilhões de neurônios, de diferentes tipos, formas e funções. Esse número de neurônios realmente muda ao longo da vida, assim como o potencial de criar novas sinapses, porém a capacidade de aprendizagem não desaparece nem mesmo no processo de envelhecimento.

O problema de um neuromito ser divulgado são os seus potenciais prejuízos na sociedade. Reformas educacionais já foram propostas na Irlanda do Norte baseadas nessas falsas descobertas. 55% dos estudantes de uma universidade do Reino Unido acreditam em pelo menos 15 neuromitos diferentes. Professores da Grécia baseiam técnicas de ensino em sala de aula considerando falsas crenças sobre a aprendizagem. Saber mais sobre o cérebro não significa ter mais treino científico. Cabe aos profissionais buscarem a fonte original de cada informação para então interpretá-la e aplicá-la com discernimento. 

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