12/04/2017 21h15
Mantega pediu R$ 100 milhões para a campanha de Dilma em 2014, diz Odebrecht
O empresário Marcelo Odebrecht, em depoimento de delação premiada, afirmou que em 2013 o então ministro da Fazenda Guido Mantega pediu R$ 100 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff - a petista disputou as eleições no ano seguinte. Em troca, Mantega atuou junto ao governo e também no Congresso para a aprovação de uma medida provisória para beneficiar a Braskem, outra empresa ligada ao Grupo Odebrecht.
Marcelo, em 2009, assumiu uma vaga no conselho e passou a trabalhar junto a polÃticos para concretizar os interesses dos negócios. Segundo relato de Odebrecht, ficou combinado entre os integrantes do grupo que a campanha presidencial seria "bancada" pela Braskem, pois naquela época, a construtora "já tinha gasto R$ 50 milhões na campanha do Eduardo Campos e estava comprometida com o Aécio (Neves)".
Ficou acordado que para que isso fosse possÃvel, o governo deveria aprovar uma medida provisória para beneficiar a Braskem. A MP 613/13 foi aprovada no Congresso, no Senado e sancionada pela presidência em menos de um mês. O texto determinava a concessão de inúmeros benefÃcios e incentivos à produção de etanol e à indústria quÃmica por meio de crédito presumido e redução de alÃquota do PIS/Pasep e Cofins.
Em cerca de 20 minutos de depoimento, Odebrecht diz que no Brasil "se você não tem acesso ao rei, não consegue aprovar nada" e quando leis do interesse da empresa eram aprovadas, não sabia se eram por questões técnicas ou por causa de pagamentos feitos aos polÃticos. Ele afirmou que foram feitos estudos técnicos para justificar a medida que traria benefÃcios à indústria do PaÃs, mas a partir do momento que eram iniciadas conversas com parlamentares, estes "ficavam na expectativa" de receber propina ou até mesmo doações para futuras campanhas.
O empresário afirma que pagou R$ 4 milhões ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) para a aprovação da MP. Na ocasião, o empresário autorizou o pagamento ao senador. E justificou: "Expliquei a Claudio (Melo Filho, executivo), acerte com Jucá, porque aà lá na frente ele vai pedir um valor absurdo para campanha e aà não vai aparecer ninguém para pagar. Já autorize para alinhar com os negócios dos beneficiários de cada medida aprovada no Congresso". O objetivo era gerar uma expectativa aos deputados e senadores que, se eles atuassem pelos interesses da Odebrecht, receberiam dinheiro para bancar candidaturas.
O delator diz por várias vezes que tinha total acesso ao ministro Mantega. E que quando se encontravam, ele sabia que conversava "com o grande doador" e ficava implÃcito a obrigação de um "trabalhar" em benefÃcio do outro.
Defesa
Em nota divulgada nesta terça-feira, 11, o senador Romero Jucá afirmou: "Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação. Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas".
Fonte: Estadão Conteúdo