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12/04/2012 13h31

Coluna - Na Fumaça do Trem A culpa foi do capeta!!!

A culpa foi do capeta!!!

Passava os olhos às manchetes do jornal em que o destaque fora os atentados às ferrovias madrileñas, quando um senhor que se chegou ao balcão do café, toca-me ao ombros e diz: - Que barbárie, que coisa  monstruosa!

 

Virando-me, enquanto a balconista colocava o café na xícara, concordei com o comentário, lamentando pelo desesperador momento vivido por aqueles inocentes e infelizes passageiros diante das inesperadas explosões. O cidadão concordando, no que adoçando seu café, resolveu recordar um fato assemelhado que presenciou na infância e o marcou pelo medo e pânico.

 

Morando à cidade de Três Corações, pois seu pai como militar servia  naquele reduto bélico, numa ocasião de retorno do Rio de Janeiro, entre as cidades de Soledade e Três Corações, de repente uma correria se fez presente por parte dos funcionários da ferrovia a serviço do trem.

 

Óbvio diante da preocupante agitação, os passageiros inquietos sem saber a razão do corre-corre, já que não obtinham informações do pessoal do trem; que talvez até desconhecesse a extensão do agito, através das janelas puderam se assenhorear do motivo a observarem que no penúltimo vagão, densa fumaça se verificava seguida de fortes estouros, assobios, traques diversos e muitas fagulhas coloridas, com algumas pessoas posicionadas penduradas a escada, até que o comboio parou.

 

Com a ajuda de todos na condução de água retirada da locomotiva, à muito custo as chamas foram debeladas. Normalizada a situação, todos a bordo e queimaduras leves a poucos, seguiram viagem.

 

Ninguém, entretanto, conseguiu atinar o que causara o incêndio. Não havia uma explicação plausível. Até que uma senhora que perdera partes  dos pertences, enfurecida, não se conteve e contou como tudo aconteceu. Um homem que se encontrava sentado á última janela, depois de acender o seu cachimbo e dar suas pitadas, teve o mesmo apagado. Ao tentar reacendê-lo, como não conseguiu, resolveu limpá-lo batendo à base da janela no intuito de retirar a borra que o entupia.

 

Com o vento, a mesma caiu sobre os embrulhos sob a poltrona. Tempos depois, um barulho, um estrondo ocorreu seguidos de outros tantos espalhando fogo e fumaça. Assustado, o homem em desespero deixou, como a mulher, o local em disparada à direção do vagão à frente.

 

Com o pânico, se instalou um  grande atropelo para passar pela estreita porta, já que os estrondos cada vez maiores, deixavam todos apavorados ma ânsia de sair do inferno.

 

Escutando a narrativa, seu Secundino, o chefe do trem solicitou da senhora o reconhecimento do tal cachimbeiro negligente; o que não tardou acontecer Interrogado, acabou confessando que levava fogos, visando à festa da cidade de Conceição do Rio Verde.

 

Já que há anos assim procedia e nunca tal coisa ocorreu. Por isso estava convencido de que o ocorrido, fora obra do capeta. Suas artimanhas entupindo o cachimbo “comprovam” o quanto o rabudo é culpado.

 

Responsável, seu Secundino como o chefe do trem e sendo por isso autoridade máxima presente, deu voz de prisão ao homem mantendo-o sob a guarda de seu condutor até ser entregue ao Destacamento Policial em Três Corações, onde responsabilizado pelo culposo acidente aguardaria o delegado. Mesmo afirmando que a culpa foi do capeta e não sua.

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