02:52hs
Quarta Feira, 27 de Agosto de 2025

Leia nossas últimas edições

Leia agora o Correio do Papagaio - Edição 1940
Regional
11/01/2011 10h29

Jovens desinformados preocupam equipe do DST-Aids

Jovens desinformados preocupam equipe do DST-Aids

Os jovens, com idade entre 15 e 24 anos, são, atualmente, a principal preocupação dos profissionais do setor responsável pela prevenção e tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST-Aids) da Secretaria Municipal de Saúde no trabalho de prevenção da aids. Em 23 anos de campanhas, palestras e informações, desde que o primeiro caso apareceu na cidade, em 1987, o DST-Aids já assistiu mais de 450 pessoas com o vírus HIV, incluindo as 145 que estão em tratamento. Mas, o principal desafio é vencer, todos os dias, o preconceito que marginaliza os pacientes e dificulta o trabalho de prevenção.

“As pessoas relacionam a Aids com promiscuidade e drogas”, diz a coordenadora do DST-Aids, a psicóloga Marisa Pereira Viana. Ela lembra que, “assim como a diabetes e a hipertensão, a Aids é uma doença crônica que pode ser tratada com medicamentos". O contágio também não ocorre com beijos, abraços, apertos de mão.... Não fosse o preconceito, a vida dos soropositivos seria igual à dos diabéticos e hipertensos.

Pesquisa realizada no ano passado pelo Departamento de DST do Ministério da Saúde revelou que o preconceito ainda é grande entre a população brasileira. De acordo com os dados, 13% da população acreditam que uma professora portadora do vírus da aids não pode dar aulas em qualquer escola; 22,5% afirmam que não se pode comprar legumes e verduras em um local onde trabalha um portador do HIV; 19% acreditam que, se uma pessoa de uma família ficasse doente de Aids, não deveria ser cuidada na casa da família.

Essas informações direcionaram a campanha deste ano do Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º de dezembro), que teve como tema “Somos Iguais. Preconceito não.”

Em São Lourenço a situação não é muito diferente. Marisa trabalha no atendimento aos soropositivos desde 1987. "Nós já fizemos muitas palestras em escolas, capacitamos professores, agentes de saúde, distribuímos preservativos, mas ainda assim existe muita gente mal informada. O trabalho de conscientização não pode parar", diz.

Pioneirismo

Depois que os primeiros casos apareceram na cidade, um grupo de profissionais recém chegados à Prefeitura, iniciou em 1987 o atendimento aos portadores do vírus. “Nós fomos os pioneiros na região, iniciando trabalho de conscientização nas escolas e realizando os testes, inclusive em gestantes”, conta a coordenadora. Segundo ela, o DST- Aids de São Lourenço nunca teve grandes dificuldades para atender seus usuários. A divisão foi estruturada em 1995, quando começaram a surgir novos casos. Durante dois anos, os medicamentos (AZT e DDI) vinham de Varginha e demoravam, em média, dois meses para chegar. Mas, em 1997, com a descoberta do coquetel e a quebra de patentes, o serviço público passou a distribuir gratuitamente os remédios para todos os casos notificados. Foi aí que os casos começaram a aparecer. Desde então, a cada ano, uma média de 12 pacientes entram na lista do DST-Aids, mas as taxas de óbito, depois da chegada do coquetel e dos retrovirais, caíram para três ao ano.

Na casa azul, em frente à farmácia, seis profissionais, além da psicóloga e coordenadora, fazem o atendimento dos paciente: Fabrício Gomes Dionello (médico), Luciano de Carvalho Forasteiro (farmacêutico), Rita de Cássia Flori (enfermeira), Sônia Maria Brito Rigotti (técnica em enfermagem), Maria de Fátima Dias (agente administrativo) e Eliane Silva de Paulo (responsável pela manutenção do local). O tratamento é feito com base em um protocolo de consenso que dá todas as indicações para o uso dos medicamentos. De acordo com Marisa, o fundamental para que os resultados apareçam é o interesse e o envolvimento dos profissionais no trabalho.

O desafio permanente da equipe do DST-Aids é quebrar tabus e acabar com o preconceito. “Não existe mais grupo de risco. Hoje já está provado que qualquer pessoa que tiver atividade sexual pode pegar Aids”, alerta a psicóloga. As mulheres de baixa renda e nível educacional baixo são as maiores vítimas. No entanto, os jovens também são candidatos em potencial. A prevenção passa pelo uso de preservativos e pelo teste anti-HIV. “Quanto antes for feito o diagnóstico, maior a possibilidade de adaptação ao tratamento”, diz. Qualquer pessoa pode fazer o teste gratuitamente na casa azul. Antes de fazer o teste, é feita uma avaliação do estado emocional da pessoa, dados esclarecimentos e orientações.

“Muitas vezes – diz Marisa – a pessoa tem o vírus mas não tem a doença”. Nesse caso, ela precisa fazer o acompanhamento para evitar que ele desenvolva. Depois de diagnosticado, os testes são feitos a cada três meses. Com o uso dos medicamentos, não é raro o vírus regredir. No DST, os soropositivos recebem o coquetel e todos os remédios para combater as infecções e doenças oportunistas, já que o vírus baixa a imunidade das pessoas infectadas. Em São Lourenço, também é disponibilizado, aos portadores do vírus, o serviço odontológico.

Atualmente, a divisão cuida de 145 usuários, sendo que metade deles são de cidades vizinhas. O número é equivalente aos atendidos em Varginha, município com mais de 120 mil habitantes, uma população ainda maior que a soma de todos os municípios atendidos em São Lourenço.

Embora o atendimento e o tratamento do DST-Aids de São Lourenço seja eficiente, o objetivo da equipe é reduzir o número de casos que surgem na região. A estratégia para atingir esse objetivo é conscientizar principalmente os jovens que ainda vão iniciar a vida sexual. Mas, segundo Marisa Viana, muitos pais e educadores ainda resistem em ampliar as discussões sobre o tema, seja em casa ou na escola. “As pessoas ainda têm muita dificuldade em lidar com a sexualidade e isso é um problema para combater a Aids”, conclui a coordenadora.

Fonte: Ascom – Prefeitura de São Lourenço

PUBLICIDADES
SIGA-NOS
CONTATO
Telefone: (35) 99965-4038
E-mail: comercial@correiodopapagaio.com.br