Detentos do Presídio de São Lourenço ganharam a oportunidade de aprender um ofício e a chance de ter uma nova vida depois de cumpridas as penas. Na terça-feira (29), a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) inaugurou, na unidade prisional, uma fábrica de blocos. Ela é composta por um galpão de cerca 90 metros quadrados, uma saleta que serve de escritório e um local para guardar material de trabalho.
A iniciativa é resultado da assinatura de um Termo Cooperação Técnica (TCT) entre a Seds, por meio do programa Trabalhando a Cidadania da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), com a Prefeitura Municipal e o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Socioeconômico e Socioambiental da Microrregião de São Lourenço (Cidesea). Os recursos para construção da fábrica foram repassados pela prefeitura e a obra realizada pelos próprios detentos. O maquinário, cedido pela Seds, consiste em uma betoneira, uma prensa e uma mesa vibratória.
Ressocialização
No evento de inauguração, o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, disse que a ressocialização dos presos é uma das prioridades da gestão atual, e que a inauguração da fábrica de blocos é a prova de que é possível tratar os sentenciados com dignidade. “O Governo de Minas tem investido muito para que os detentos possam trabalhar e estudar. E essa parceria do Presídio de São Lourenço com o Consórcio de Municípios é a mostra do que tem sido feito”, destacou.
De acordo com o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade de Oliveira, a fábrica representa a continuidade da humanização do sistema prisional. “Esse evento demonstra que a sociedade acredita e está envolvida nesse trabalho“, disse.
Fabricação
Toda a produção dos blocos será utilizada na pavimentação de ruas do município de São Lourenço e também das cidades integrantes do consórcio. Nesta primeira fase, cinco detentos foram capacitados e desenvolverão o trabalho na fábrica. O grupo de presos será dividido em dois turnos diários de trabalho, sendo um das 7h às 12h e outro das 13h às 18h. Pelo trabalho eles receberão três quartos do salário mínimo e remição de pena. A intenção da parceria é aumentar, no próximo semestre, para 15 o número de sentenciados trabalhando no local.
A receita para preparar os blocos, Francisco Carlos Pereira, de 40 anos, interno da unidade, já aprendeu. Segundo ele, a mistura de quatro latas de areia, duas latas de pó de pedra e duas de pedresco, mais uma lata de cimento e dez litros de água devem ser colocados com cuidado para que a massa não fique muito molhada e nem muito seca. “O que eu quero agora é aperfeiçoar o que aprendi para quando deixar a unidade ser visto com bons olhos pela sociedade e ter uma nova chance na vida”.
Parceria
Hoje o Presídio de São Lourenço conta com cinco empresas parceiras na área de produção que oferecem trabalho a 40 presos.“A nossa intenção é evitar a ociosidade dos reeducandos. A partir de dezembro de 2011 serão oferecidos aos detentos cursos profissionalizantes na área de recursos humanos, turismo e hotelaria, artes plásticas e auxiliar administrativo”, disse o diretor-geral da unidade, Carlos Alfredo Sales.
À cerimônia também esteve presente o coral Vozes da Cela, sob a regência do maestro José Henrique Martins. Formado por reeducandos do presídio, o grupo é um dos símbolos dos bons resultados conquistados pela unidade de São Lourenço.
Autoridades municipais, estaduais e representantes da SUAPI durante a inauguração da fábrica | O prefeito Zé Neto; o diretor da SEDS, Lafayette Andrada; o juiz Fábio Garcia Macedo e Carlos Alfredo Sales, diretor da unidade de São Lourenço |
Parte da instalação da fábrica de blocos, que possibilitará aos detentos a prática de um ofício | Integrantes do Coral Vozes da Cela também participaram da inauguraçãoIntegrantes do Coral Vozes da Cela também participaram da inauguração |