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17/11/2014 16h35

'Harakiri', Kobayashi e o código de honra dos samurais

Antes de virar o ator emblemático da fase final de Akira Kurosawa, com grandes papéis em Kagemusha - A Sombra do Samurai e Ran, Tatsuya Nakadai já tivera algumas participações nos filmes de espada do imperador, como o oponente de Toshiro Mifune em Yojimbo e Sanjuro. Naquela época, e um pouco antes - nos anos 1950 e 60 -, ele era principalmente o ator fetiche de Masaki Kobayashi. Como tal, participou do grandioso Guerra e Humanidade, com três episódios, entre 1957 e 61. Fez depois Harakiri e Rebelião.

Não há exagero em considerar o último o maior filme japonês de todos os tempos, e o embate entre Nakadai e Mifune, dois gigantes, um raríssimo momento de antologia. A Versátil agora resgata Harakiri, de 1962, no que chama de edição definitiva - em DVD e Blu-Ray. Em ambos os casos, o disco com o filme original oferece, como extra, o remake de 2012, assinado por Takashi Miike. Em 1963, um ano após sua realização, Harakiri integrou a mostra competitiva do Festival de Cannes e foi contemplado com o prêmio especial do júri.

O mais politizado e até idealizado dos grandes autores japoneses, Kobayashi foi sempre um crítico intransigente das instituições do Japão. Inspirado na própria experiência como soldado na Mandchúria, ele fez da trilogia Guerra e Humanidade seu manifesto humanista e um ataque ao militarismo que lançou o país na 2.ª Grande Guerra. Seu senso do trágico, que vai culminar em Rebelião, atravessa Harakiri, que coloca em discussão o bushido, o código de honra dos samurais.

Na trama do filme, um ronin, samurai desempregado, pede licença a Lorde Iyi para utilizar seu jardim para cometer o suicídio ritual. O nobre, numa época de crise, temendo ver o caso se propagar e outros desempegados buscarem seu palácio, autoriza o gesto. Mas Nakadai não veio para se matar, mas para se vingar. Seu filho já recorreu a Iyi e, privado da espada ritual, teve de se matar com uma espada de bambu. Foi um espetáculo bárbaro e cruel, que vai sendo reconstituído aos poucos, por meio de flash-backs. Se o filme de Kobayashi é grande, em todos os sentidos, o de Miike é apenas OK. A comparação inevitável, posto que estão ambos no mesmo disco, favorece o filme antigo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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