02/09/2015 09h09
Sara Sarres inicia turnê do 'Fantasma da Ópera' na China
Uma das canções mais marcantes do musical O Homem de La Mancha, que encerrou temporada em São Paulo há alguns meses, enaltece uma contradição: a realização de um sonho impossÃvel. Sara Sarres, que viveu um dos papéis principais, Aldonza, pode-se gabar de ser uma honrosa exceção. Afinal, ela foi convidada para representar Christine na turnê mundial de O Fantasma da Ópera, um dos mais icônicos espetáculos de todos os tempos. Na madrugada dessa terça, 1º, ela viajou para a China onde, em três semanas, estreia no papel na cidade de Guangzou - depois, o musical segue para Pequim.
"Fiquei honrada pois, para essa turnê comemorativa, os produtores americanos e ingleses escolheram suas Christines favoritas", disse a atriz, uma das mais talentosas do musical brasileiro. "Trata-se de um papel muito difÃcil, porque exige uma extensão vocal de três escalas." Isso significa transitar com tranquilidade do grave ao mais agudo, habilidade reservada apenas à s chamadas "first class sopranos".
Aos 35 anos, Sara exibe um talento nato. Em O Homem de La Mancha, sua voz encantava pela melodia e elasticidade. "Ela atingia determinadas notas que me deixava emocionado", relembra o diretor do espetáculo, Miguel Falabella. Idêntica reação tiveram os produtores estrangeiros de O Fantasma da Ópera, que trabalharam com Sara durante um mês, em julho, quando a atriz viajou a Nova York para lapidar sua atuação - lá, assistiu a inúmeras sessões do musical no tradicional teatro Majestic, além de participar de aulas de canto e de dicção (na China, como em outros paÃses para onde seguir a turnê, Sara vai cantar em inglês).
O trabalho de reviver o papel não foi árduo. "Acredito que temos uma memória muscular, pois, quando tentei relembrar determinadas coreografias, bastou fechar os olhos e ouvir as melodias para o corpo naturalmente sair dançando os passos certos", conta.
Sara dividiu com outra estrela do musical brasileiro, Kiara Sasso, a temporada de O Fantasma da Ópera em São Paulo, entre 2005 e 2007 - por conta da complexidade vocal do papel, é necessária a alternância entre as atrizes, especialmente nos dias em que há duas sessões. "Christine interpreta 13 canções", observa Sara. A montagem paulista foi uma das mais bem sucedidas, somando 677 apresentações com 880 mil espectadores.
Curiosamente, Saulo Vasconcelos, que interpretava o Fantasma, também seguiu carreira internacional com o musical, trabalhando no México. Ele participou, ao lado de Sara, de Les Misérables na montagem de 2001, que marcou a retomada dos musicais no Brasil. Na época, com 20 anos, Sara já era uma referência em BrasÃlia, onde se dividia entre musicais e óperas. "Soube por uma amiga que haveria uma audição para o Les Mis e vim, junto com uma tropa de brasilienses, que incluÃa Paula Capovilla, Fred Silveira, entre outros."
Não bastasse a beleza, a versatilidade de Sara impressiona - além de cantar, ela sapateia, toca piano, percussão e interpreta de forma convincente. Mas seu grande trunfo é a voz de soprano "lÃrico-leggero" - no linguajar dos musicais, Sara é classificada como "crossover", ou seja, apresenta-se bem tanto como "belter", o tom caracterÃstico dos musicais, como "legit" ou "trained", mais leve e especÃfico da ópera. Foi essa elasticidade que permitiu uma façanha: depois de dois anos à frente do Fantasma da Ópera, quando posicionava a voz no "legit", ela assumiu o papel de Anita, no clássico West Side Story, no qual abusou do "belter". "Sempre fui apaixonada por musicais, pesquiso intensamente e nunca me sinto satisfeita com minhas conquistas", garante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo