26/03/2015 08h50
'Vício Inerente' tem uma dose a mais de anarquia
Thomas Pynchon mudou e continua o mesmo em VÃcio Inerente, volumoso painel (464 páginas) do que foram os anos 1970 com seus hippies e a "sociedade alternativa", vinda da década anterior. Pynchon mudou porque se exibe mais como malabarista verbal em VÃcio Inerente, superando a retórica enlouquecida de seus livros mais antigos, entre eles O Arco-Ãris da Gravidade que, desde seu lançamento, em 1973, continua a BÃblia da contracultura. Pynchon permanece o mesmo porque VÃcio Inerente lida basicamente com a linguagem inspirada em veÃculos de comunicação de massa - quadrinhos, pulp fiction - sem abdicar das referências literárias da alta cultura.
O que diferencia VÃcio Inerente dos outros livros de Pynchon - Contra o Dia, Mason e Dixon, Vineland, todos publicados no Brasil pela Companhia das Letras - é uma dose a mais de anarquia. Primeiro, VÃcio Inerente já começa como um pastiche de um gênero gasto, a novela noir em que um detetive se envolve com gente da pior espécie e, obviamente, acaba metido em confusão - o que é de se esperar de um freak tão sem noção que batiza sua firma de LSD (Location, Surveillence and Detection). Finalmente, Pynchon não tem o mÃnimo pudor em reciclar personagens (Vineland, em especial), embora para compor sua epopeia mais lisérgica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo